Nesta semana, o medicamento antiparasitário, Ivermectina, se destacou na mídia nacional e estadual, após prefeituras do Vale do Itajaí e Grande Florianópolis divulgarem a distribuição em massa para a população como prevenção à Covid-19.
O remédio é utilizado, geralmente, para tratar de problemas de infestação de vermes no trato intestinal ou outras doenças parasitárias, como sarnas e até mesmo piolho. Mas, tem sido usado também no protocolo de tratamento do coronavírus, especialmente em pacientes que apresentam sintomas iniciais da doença.
Em São João Batista, a secretária de Saúde, Karin Leopoldo, afirma que o medicamento está incluso no pacote do protocolo sugestivo aos médicos, assim como outros, como o Azitromicina. “Desde quando tivemos os primeiros casos no município, já foi utilizado a medicação como prevenção, profilaxia, mas não há uma comprovação científica de que ele realmente funcione para o tratamento de Covid-19”, destaca.
Como é sugestivo, vai de cada médico, durante o atendimento, receitar ou não a medicação. “Os médicos são livres para utilizar os medicamentos propostos no pacote, avaliando cada paciente de forma individual”, informa.
Com o ‘boom’ das notícias em relação ao medicamento, Karin ressalta que já começou a ter falta em farmácias e fornecedores. “Já tínhamos feito uma licitação para adquirir mais do medicamento há dois meses, mas o fornecedor nos informou que está sem prazo de entrega”, diz.
O Ivermectina já é comumente utilizado a cada seis meses para tratamento de vermes. Ele pode ser encontrado em todas as farmácias, e as contraindicações são mínimas, como ser consumido junto com bebidas alcoólicas, e por gestantes, por exemplo.
Assim como ocorreu no início da pandemia, com a falta de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e álcool gel, as farmácias da região também já começaram a ter os estoques esvaziados de Ivermectina.
Distribuição em massa
As prefeituras de Itajaí, Balneário Camboriú e Biguaçu anunciaram que farão distribuição em massa para a população do Ivermectina, como forma de auxiliar na prevenção ao coronavírus.
Segundo a secretária de Saúde de São João Batita, não há intenção de se fazer o mesmo no município. “O Tribunal de Contas já está fazendo questionamentos a esses municípios, pelas questões de estudos científicos que comprovem a eficácia do medicamento. Tem que haver um cuidado com a distribuição, pois é um medicamento e o correto é primeiro passar por uma orientação médica”, comenta.
Ela acrescenta que o medicamento é fornecido pelo Sus. “Então caso o paciente se consulte e seja receitado pelo médico, pode retirar na farmácia da unidade básica de saúde. Mas, no momento, já estamos em falta também”, diz a secretária.
Eficácia em seres humanos
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou um informe que alerta sobre o uso de medicamentos para Covid-19.
Segundo a SBI, os antiparasitários parecem ter atividade in vitro contra a SARS-CoV-2. Porém, ainda não há comprovação de eficácia in vivo, ou seja, em seres humanos. “Muitos dos medicamentos que demonstraram ação antiviral in vitro (no laboratório) não tiveram o mesmo benefício in vivo (em seres humanos). Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança na Covid-19”, informa.
A Sociedade Brasileira de Infectologia lembra ainda que não se pode colocar em risco a saúde da população brasileira com orientações sem evidência científica. “A avaliação do uso de qualquer medicamento fora de sua indicação aprovada (off-label) deve ser uma decisão individual do médico, analisando caso a caso e compartilhando os possíveis benefícios e riscos com o paciente, porém é vedado a publicidade sobre tal conduta”, informa.