Amanda Ághata Costa – Escritora
Eu sei o que vai acontecer no futuro. Quer dizer, sei que apesar de não ter consciência de como serão todas as coisas, tenho plena certeza de que tudo será diferente de como é hoje. Do mesmo jeito que as coisas de ontem são diferentes das de agora, que serão diferentes das de amanhã, e assim por diante.
Apesar de nem tudo correr tão rápido quanto parece, a maioria das coisas estão em plena evolução e elas são tantas que normalmente não notamos elas acontecendo bem na nossa frente. Não vou ter tempo para absorver todas essas mudanças, embora eu admita sentir tristeza por não poder controlar isso.
Óbvio que não vou assistir todos os filmes que serão lançados, todas as músicas que estourarão nas plataformas de sucesso, nem todos os cheiros e gostos e descobertas incríveis que ainda serão feitas um dia. Não vou saber como será o celular da moda daqui a cem anos, ou se sequer eles ainda vão existir. Talvez seja tudo tão diferente, que tudo o que é normal agora, não seja mais assim lá na frente. Nem tenho noção de como serão as roupas, os calçados, os meios de se avançar na vida. Tudo isso simplesmente porque não estarei aqui para acompanhar tudo isso. É duro admitir, mas não vou.
Não vou conhecer os netos dos meus netos, ou talvez nem mesmo os dos meus filhos. Isso porque eu sei que não tenho tempo para tudo o que eu gostaria de presenciar. Parece doloroso pensar que vai chegar o dia em que eu vou me desligar de tudo o que conheço e que o tempo terá enfim acabado, que não terei mais a chance de um novo dia, de um novo despertar; mas ao mesmo tempo, entendo que isso faz parte da missão imposta a cada um, e de como somos poeira nesse mundo, e que nada é eterno, pois embora pareça triste, como o ditado já diz, para morrer realmente só basta estar vivo.
