Amanda Ághata Costa
Sou parte daquilo que vivi, do que senti e do que me permiti. Está preso na minha pele os cheiros que se prenderam nas narinas, as pessoas que amei com todo o coração e também o que deixei pra trás porque já não me cabia. Ninguém pode tirar isso de mim. Podem me tirar o sono, a paciência, a vontade escassa de levantar da cama ou até de me alimentar, mas não podem tirar o que acumulo dentro do meu ser. Ninguém pode me tirar de mim.
Podem cavar fundo, tentar estraçalhar minhas vontades em mil mínimos pedaços, mas não podem alcançar a parte mais profunda da minha alma. Podem ter raiva por isso, mas nada muda o fato de que eu sou o que sou para que nunca me roubem assim. Todas as minhas dores, minhas vitórias, minhas noites mal dormidas formam muito mais do que os olhos conseguem enxergar. A minha história não está baseada somente naquilo que as pessoas acreditam que veem. Podem pensar que sou o que eles acreditam, mas não é bem por aí. Não é nada por aí. Não é o que eles querem que seja.
Podem continuar com essas mil tentativas de me desestabilizar, de procurar uma brecha para que eu ceda e consigam roubar a minha mente, mas isso não me abala, não mais. Ninguém se desfaz de mim.
Podem vir com discursos prontos, conversas paralelas, desculpas esfarrapadas, mas nada mais me convence. Ninguém mais me desvia de mim. Podem oferecer amores vazios, promessas infundadas e tentar me mostrar um mundo de uma maneira torta, que não é tão fácil de me enganar quanto parece.
Podem até pensar que é fácil, mas tem ouro que reluz e nem sempre é ouro de verdade. Para alguns o fato de não ser de verdade talvez nem incomode, mas comigo é translúcido como água ou nada feito. Ou é de verdade ou é de mentira, sem meio termo. Não tem nem mais, nem menos. Ninguém me rouba de mim.