Uma das trilhas que vem se destacando em São João Batista é a “dos Imigrantes”, em Colônia Nova Itália. Já conhecida por peregrinos de outros municípios do estado que seguem até Santa Paulina, Nova Trento, a trilha tem início no Pesque Pague Trainotti e termina no bairro Ponta Fina Sul, no município vizinho.
Batizado recentemente, o caminho carrega uma história rica dos antepassados da região. Nilo Trainotti, 68 anos, revela que o avô materno Constâncio Tomazoni ajudou a desbravar as terras para abrir a estrada. “Na época não tinha interação com Tijucas, os comerciantes de Major Gercino, Leoberto Leal negociavam com Nova Trento e Brusque”, conta.
Como não havia ainda a estrada geral de Colônia Nova Itália, Tomazoni fez um acordo de utilidade pública para autorizar parte das terras a servirem de estrada. “Meu pai, Octávio Trainotti, tinha sete anos na época e contava que levava água da grota para os homens que participavam do mutirão e trabalhavam para abrir a picada. O trabalho foi feito tudo a mão, não havia máquinas como hoje em dia”.
Com a abertura da estrada, transitava pelo local carros de boi, cavalos, manadas de gados e porcos. “As pessoas passavam com os animais para trocar em Nova Trento ou Brusque por trigo, sal e demais mercadorias que não produziam aqui”, detalha.
Ele ressalta que a mãe, Palmira Tomazoni Trainotti, 98 anos, fazia a travessia a pé, carregando dúzias de ovos e cuidando dos filhos pequenos, que a acompanhavam. “Aos domingos de manhã a mãe fazia o lanche para levar e os filhos maiores colocavam um sapato na bolsa. Quando chegavam em Nova Trento, lavavam os pés, trocavam o sapato para ir à missa”, lembra.
Anos depois, o rio começou a ser utilizado para levar mercadorias da Usina de Açúcar (Usati) para Tijucas, pois São João Batista passou a pertencer aquele município. Com isso, viu-se a necessidade de abrir uma nova estrada. “Como a nova estrada também dava acesso a Nova Trento, a ‘picada’ foi deixando de ser usada pelas pessoas”, relata Trainotti.
Caminho fácil
A trilha dos Imigrantes tem cerca de cinco quilômetros e 300 metros de altitude. Durante o trajeto, se passa por córregos com água fresca, pontilhão e uma paisagem natural exuberante. Trainotti costuma ainda fazer o caminho sozinho ou com a filha e neta. “A gente prepara os lanches e quando chega lá em cima, no meio do caminho, paramos para fazer um piquenique”, comenta.
Segundo Trainotti, há grupos de ciclistas que já fizeram o trajeto, assim como motociclistas e cavalgadas. “Durante o ano as pessoas nos procuram para fazer a trilha, mas na Sexta-Feira Santa vem um grupo grande de peregrinos de Tubarão e Orleans. Eles almoçam no pesque-pague e depois seguem a caminhada”, detalha.
Para manter a trilha limpa, Trainotti costuma fazer roçada no local.
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