Sem festas. Porém, com muita comemoração para este Dia do Sapateiro. Uma data que será de reflexão e de comemorar a vitória. É assim que será para o solador Henrique Nunes, de 48 anos.
Natural de Major Gercino, ele mudou-se para São João Batista com a família aos 12 anos. E, foi aos 13 que ingressou no setor calçadista. “Comecei no Calçados Carieli, do seu Odir, o Di, como serviços gerais e foi lá que me tornei solador profissional. Mas, a empresa pegou fogo e como não reconstruíram, busquei emprego em outra empresa”, conta.
Foi então, aos 16 anos, que ele se tornou funcionário do calçados Ala que, na época, caminhava para seus quatro anos de fundação. Desde então, há 32 anos, a empresa se tornou a segunda casa de Henrique. “Se constitui uma família e conquistei tudo que tenho hoje, foi graças a essa empresa, ao meu emprego, à minha profissão de sapateiro”, afirma.
Durante esses anos, Henrique acompanhou a evolução do setor, em especial, da empresa que trabalha atualmente. “Quando comecei, o Ala tinha 18 funcionários e fabricava 80 pares ao dia. Hoje já chegamos a produzir 14 mil pares ao dia”, lembra.
Ele ressalta ainda que vivenciou outra época da fabricação do calçado, com estufas, por exemplo, para colar o solado, num processo bastante artesanal. Além disso, acompanhou momentos marcantes na história do país, como a troca da moeda para o real. “Achei que as empresas não iriam conseguir atravessar aquela fase, porque teve muito rolo entre os presidentes”, comenta.
E, agora, em 2020, Henrique viveu outro momento conturbado na história, com a pandemia do coronavírus. “Foi um momento bastante tenso, fiquei com medo, mas sempre acreditei no Aderbal, que conseguiria superar essa fase, e aconteceu”, diz.
Mas, além de confiar no chefe, o sapateiro também acreditava em seu potencial, e não mediu esforços para ajudar. “Eu falei para meu encarregado que, se precisasse, eu vinha ajudar a empresa, trabalhava mesmo se não pudessem pagar naquele momento”, revela.
Paixão pelo calçado
A profissão sapateiro, para Henrique, faz parte de sua vida. Hoje ele, a esposa e filhos também atuam no mesmo setor. “Me orgulho, porque eu gosto mesmo de fazer sapato, inclusive passo mais tempo aqui do que em casa”, diz.
Neste ano, o Dia do Sapateiro, para Henrique, terá um sabor de vitória, diferente dos outros anos. “Em março, quando tudo paralisou, achava que nessa época agora estaria desempregado. Então tem muito o que comemorar. Comemorar a vida, o emprego e também das coisas estarem voltando ao normal e as pessoas que perderam emprego, estarem conseguindo recuperar”, afirma.