O tabaco, que ornamentou junto ao café o brasão da bandeira imperial brasileira, sempre foi muito útil às finanças dos agricultores da Colônia. É uma planta que cresce espontaneamente e que no século XIX podia-se cultivar sem licenças governamentais, preparada e colhida à luz do sol, sem temer contrabandistas.
O colono usava largamente o produto de seu trabalho, e quem optava por essa cultura não se perturbava em pensamentos com dívidas. Naquele Brasil, a maioria das pessoas fumavam. A população preparava o cigarro, envolvendo o tabaco bem triturado nas folhas finas das espigas de milho. O fumo em corda era vendido por um alto preço.
Em fins de safra, muitos paióis da Colônia ficavam cheios. As famílias trabalhavam na estocagem o dia inteiro e, à noite, voltavam para casa, descansavam e dormiam. A tradição atravessou os tempos, e chegou ao século XX com muita força, o que atraiu contrabandistas de tabaco por toda a região.
Um paiol com grande estocagem de fumo, geralmente era trancado com um cadeado, mas às vezes não. Em uma noite, um dos filhos de um colono proprietário de uma grande roça de tabaco, resolveu voltar ao paiol e se certificar que estava trancado. O garoto foi acender a luz, mas ela não acendia. Então, voltou para casa e disse aos pais que a lâmpada estava queimada.
No dia seguinte, o pai foi logo cedo até o paiol devido ao aviso do filho, para ver se a luz realmente estava queimada. Chegando lá, olhou para cima e a lâmpada não estava lá, encontrava-se em cima de um monte de fumo. Reparou que pessoas à noite roubavam seu fumo, provavelmente contrabandistas, tirando a lâmpada para que caso alguém chegasse durante o delito e fosse acender a luz, acharia o mesmo que o garoto, que a lâmpada estava queimada. Assim, não perceberiam que havia ladrões no paiol.
Aquele colono, infelizmente não pode acusar ninguém, mas começou a trancar o paiol todas as noites, e nunca mais sentiu falta de fumo no seu paiol.
Jandersom Crispim – 1º ano