Diácono Cleomar Raach – IECLB
Advento e Natal para nós é celebrar com alegria o Deus que vem. É o Emanuel anunciado pelos profetas, que nos incluiu e inclui todos os povos quando os coloca sob o manto da graça divina. Nos dias de hoje, mais do que nunca é importante anunciar este Deus que vem a nós. Pois muito se prega do ser humano que pretende encontrar e alcançar Deus com seus méritos próprios ou na base de uma troca de favores: “Eu faço, e Deus me recompensa”. A encarnação de Deus (o Emanuel que se tornou realidade definitiva) passou por Maria e José (descendência carnal de Davi), sendo Jesus de Nazaré reconhecido por pessoas excluídas da sociedade e religião daquele tempo e sendo confirmado como filho de Deus, como Kyrius e como Cristo pela ação do Espírito Santo no Batismo e pela ressurreição.
Assim, o Emanuel dos profetas é o mesmo Deus Triúno que faz de nós sua igreja não somente hoje, mas de todos os tempos e lugares. O Deus-conosco em Jesus Cristo não veio interromper a história de Deus com seu povo, mas completá-la e torná-la definitiva e inclusiva, selando-a com sua graça, à qual temos acesso não por causa de obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. O caminho inverso de Deus (ele vem a nós e nos separa) cativa nos para o discipulado do serviço (diaconia). Foi isso que aconteceu com o apóstolo Paulo. Fé em Jesus, que “a si mesmo se humilhou assumindo a forma de servo”, significa estar a serviço.
Celebrar a vinda de Deus a nós (Emanuel) implica serviço à vida sob a graça de Deus. Incluímos pessoas no reino do Jesus-servo e do Deus-conosco, não impondo, exigindo ou condenando, mas cativando para o serviço abnegado que assume a cruz como consequência de um discipulado que serve e inclui.
Nos tempos de hoje, em que as pseudoteologias da prosperidade e da salvação por méritos são incutidas por fundamentalistas que agem de má-fé na vida de muitas pessoas e de muitas comunidades, insinuando que existe um evangelho que carrega conteúdos de supostas “maldições do tempo de Noé” ou outras ideias que discriminam e excluem minorias historicamente oprimidas e subjugadas, é imprescindível que cada vez nos coloquemos a serviço do evangelho que inclui, do evangelho da graça e paz, do evangelho Emanuel.
O tempo litúrgico do Advento conclama-nos a vigiar não apenas num clima de espera pela segunda vinda de Cristo, mas também a ficar atentos em relação ao que é falado e é feito, de forma distorcida e em nome de Jesus, nos dias de hoje. Temas como encarnação, serviço, salvação por fé e graça, inclusão, Batismo, ressurreição e Trindade não podem ficar de fora de nossas reflexões neste tempo de Advento e Natal, época que nos conclama a abrir caminho para o Deus que vem, como fez João Batista no deserto. É comum ouvirmos a frase “agora encontrei Jesus”.
A Bíblia ao contrário, fala de um Deus que vem a nós e encontra-nos ali onde estamos: Emanuel, Deus conosco. No Advento e Natal celebramos a vinda de Deus de forma humilde lá de Belém e não a nossa ida a ele. Arrumemos nossa casa e nosso coração para a chegada do menino Jesus, nosso Senhor e Salvador. Que a sua vinda traga saúde, esperança e muita luz para nossas vidas e de nossas famílias.