A pesquisa internacional sobre as roupas usadas por Anita Garibaldi e preservadas há mais de 150 anos na reserva técnica do Museu di Stato – Piazzetta Titano de San Marino, na Itália, foi apresentada pela reitora da Unifebe, professora Rosemari Glatz, e pela pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura da Instituição, professora Edinéia Pereira da Silva, durante o V Seminário Moda: Uma abordagem Museológica, organizado pela Fundação Casa Rui Barbosa e Instituto Brasileiro de Museus – Ibram no Rio de Janeiro. No evento, que debateu sobre a conservação de acervos de moda enquanto uma atividade científica e trocou informações sobre as coleções têxteis que estão sendo muselizadas no País e exterior, as representantes da UNIFEBE abordaram o tema “Artefatos que contam histórias: o traje de Anita Garibaldi” e expuseram os trabalhos desenvolvidos por meio do Centro de Memória Unifebe.
A saia e véstia de Anita, objetos da pesquisa internacional desenvolvida pelas professoras da Unifebe serão replicadas pela universidade com o apoio de empresas e instituições brasileiras e do exterior. Em outubro de 2022, professora Edinéia foi à Itália e teve acesso ao traje de Anita. Pela segunda vez na história uma pesquisadora brasileira foi autorizada a manusear a roupa. Na ocasião, a pró-reitora da Unifebe analisou as medidas de cada peça para a primeira etapa da pesquisa. Em março de 2023 uma nova etapa do trabalho foi realizada pela reitora da Unifebe, que também visitou o Museu em San Marino, durante sua participação no Projeto Anita Fidélis, na Itália. Para garantir que as réplicas reproduzidas pela Unifebe sejam fieis, a reitora realizou uma pesquisa minuciosa dos tamanhos dos desenhos do rapport e coletou algumas amostras dos fios do tecido.
“A partir dessa pesquisa queremos recriar algumas réplicas que serão distribuídas para museus do nosso estado. Nosso intuito é que as pessoas tenham mais conhecimento sobre a história, se apropriem de Anita Garibaldi, de uma mulher real, que viveu aqui. Que esse artefato aproxime mais o estudante, as crianças que visitam esses museus e que ele contribua com o processo de ensino-aprendizagem acerca da história de Anita Garibaldi e de Santa Catarina”, complementa a professora Edinéia.
De acordo com a professora Edinéia, a partir do momento que a Unifebe divulgou a pesquisa no Brasil, outras instituições procuraram a universidade para participar do projeto. Em parceria com o Senai, uma série de estudos foram realizados com os fios da roupa de Anita. O material foi analisado por técnicos em um dos laboratórios do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil, Vestuário e Design – Lafite. O coordenador da Pós-Graduação MBA em Gestão da Cadeia Têxtil da Unifebe e engenheiro têxtil, Wallace Nóbrega Lopo, destaca que com as informações obtidas a partir do estudo técnico de fios e fibras, constatou-se que a roupa foi confeccionada em seda pura.
A empresa brusquense RenauxView se colocou à disposição para desenvolver o tecido. Para testar os acabamentos, três amostras já foram produzidas por uma das maiores fabricantes de tecidos do Brasil. O especialista em têxteis da RenauxView, Nilson José Ebele, enfatiza o quão desafiador e interessante tem sido participar da pesquisa, principalmente, pelas questões técnicas a serem aplicadas, visto que o tecido foi confeccionado em um período que não existiam muitos recursos e tecnologias. “Nós buscamos por matérias primas semelhantes àquelas usadas na época, em torções de fios semelhantes e equipamentos que podem reproduzir aqueles teares antigos. Foi desafiador, mas o resultado está sendo surpreendente. Para nós, RenauxView, é um privilégio trabalhar com a Unifebe neste resgate da história de Santa Catarina, a partir da nossa tradição centenária, que é o têxtil”, enaltece Nilson.
Até o final do mês de junho, o tecido deve ficar pronto e uma nova etapa de produção das réplicas deve ser iniciada pela universidade. Com base nas medidas e no laudo cadavérico elaborado na época, a Unifebe está desenvolvendo um manequim, com os tamanhos reais de Anita Garibaldi. “A pesquisa é apenas uma das etapas de um trabalho feito e abraçado por tantos, que como a Unifebe, querem manter viva uma referência feminina e histórica do nosso estado. A história nos legitima e nos inspira e é este o nosso objetivo com este trabalho, entender de fato como Anita foi. Esta mulher que, para a época, desconstruiu tantos padrões e deixou rastros por onde passou. Que nas escolas, nossos alunos entendam a importância deste legado. Que eles conheçam, aprendam e se apropriem”, enfatiza a reitora da Unifebe, professora Rosemari Glatz.
O projeto coordenado pelas professoras da Unifebe, conta com o envolvimento do engenheiro têxtil e professor da Unifebe, Wallace Nóbrega Lopo, e do professor de Design de Moda da Unifebe, Daniel Goulart. A pesquisa está sendo acompanhada pela brasileira e intérprete, Luciana Silveira, pela professora da Udesc, Mara Rúbia Sant’Anna da Udesc e pelos historiadores Adilson Cadorin, do Instituto Cultural Anita Garibaldi, e Andrea Antonioli, do Centro Studi Olim Flaminia, da Itália. Todos profissionais dedicados ao estudo do vestuário.