Indígenas, da aldeia Tekoa Vy´a participaram de uma roda de conversa com os estudantes do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Professora Lídia Leal Gomes, do distrito de Tigipió, em São João Batista, em 28 de abril. Convidados pela professora de Sociologia, Eliane Conhaque, eles participaram de um debate sobre cultura ancestral.
Indígenas Guarani ocuparam por muito tempo as terras do hoje distrito de Tigipió, e, portanto, fazem parte da história da comunidade. Na atualidade, os indígenas aldeados na localidade de Águas Claras, em Major Gercino, representam esse passado.
Parte das terras demarcadas em favor dos Guaranis, na atualidade, fizeram parte das terras colonizadas por europeus, no interior de São João Batista. Essas foram adquiridas em 2007 com recursos advindos do convênio entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) devido à duplicação da BR-101, trecho Palhoça-Osório. Os Mbyá Guarani estão aldeados na região desde 2009, sendo que anteriormente moravam na aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos, em Palhoça, também em Santa Catarina.
Envolvimento
De acordo com o professor, Malcon Gustavo Tonini, o momento na escola, que envolveu música, dança e artesanatos indígenas, foi uma grande oportunidade para o rompimento de muitos preconceitos com relação a essa população, o que interfere diretamente na vida cotidiana da comunidade e na formação dos estudantes. Para recebê-los, ele destaca que a apresentação da cultura Guarani aos estudantes foi de forma reflexiva, onde inclinou-os a pensar sobre fatores de identificação e classificação social, e a maneira como podem interferir no processo de construção da subjetividade dos sujeitos, com efeitos nos modos de ser, de pensar e de agir. “É uma (re) leitura sobre o modo de vida do “índio”, junto aos estudantes, que aproxima e implica no enaltecimento de valores até então desconhecidos, aproximando-os de elementos culturais, sociais e políticos do povo Guarani”, analisa o professor.
Povoamento
Os Carijós, como eram chamados no passado, foram os principais prejudicados desde o início do povoamento europeu da cidade. “O ideal civilizatório durante a colonização, acrescido das representações construídas, ao longo do tempo, sobre os indígenas, foram responsáveis, juntamente com outras questões não discutidas no debate, pela desintegração do modo de vida tradicional dos Guaranis, que habitaram as terras que hoje formam São João Batista”, destaca Malcon Tonini.
Segundo a professora Eliane, os estudantes de Tigipió, aprenderam com esse encontro, que os Guaranis não devem viver sob o silêncio a que foram condenados na história, pois é um grupo humano que luta, até hoje, para defender seu modo de vida frente à expansão do capitalismo e globalização no mundo.