Amanda Ághata Costa – Escritora
Envelhecemos pouco a pouco, um tanto mais a cada dia, bem mais a cada ano que passa. Não pela proporção do tempo que nos soa como óbvia, de doze meses anuais, vinte e quatro horas diárias, sete dias na semana, ou qualquer outra noção de duração que passe pela cabeça nesse momento. Realmente, a cada ano que passa, tudo fica mais velho. As letras de músicas, as notícias de jornais, as novidades que pareciam tão frescas antes, simplesmente vão ficando velhas em uma velocidade que não conseguimos mais acompanhar.
É como se um dia fosse uma semana, e o mês termina tão rápido que mal se conta a chegada de um ano novo, e no piscar de olhos seguinte já se está cantando melodias natalinas outra vez. Não sentimos mais a vida sendo vivida, porque nessa era de velhice precoce, tudo morre de forma quase instantânea.
É tanta correria, tanto que se perde por se dedicar de forma integral a esse tipo de projeto de futuro tido como perfeito aos olhos de quem está de fora, que mal se tem tempo de olhar para si mesmo e entender tudo que se passa ali dentro, no seu interior. O que realmente se deseja, o que de fato traz felicidade, são pontos colocados em escanteio, porque não se tem tempo para pensar nisso. São escolhas como essa que fazem com que, de fato, se envelheça mais a cada segundo.
Acompanhar tudo de novo que surge, faz com que nos sintamos ainda mais velhos, como se fosse um crime querer que as coisas durem mais que o que tem sido exposto como ideal. É por isso que me frustro, por querer algo diferente do que parece ser almejado por tantos. Eu não ligo se vou alcançar menos sucesso do que outros, pois em primeiro lugar, não quero que minha vida passe pelos meus olhos em um estalar de dedos e nada seja de fato vivido. Quero mais do que ter vivido como alguém que simplesmente passou pela vida, e não alguém que teve dias longos, fartos, mas vazios de significado e valor.