Amanda Ághata Cotsa – Escritora
Os rabiscos começam indefinidos e pouco a pouco vão tomando formas que eu gostaria. Quer dizer, nem sempre eles se parecem com aquilo que eu gostaria, mas pouco a pouco vou moldando do meu próprio jeito. Acho que no fundo faz parte, isso de não ter controle dos próprios rabiscos indefinidos.
Dizem que temos controle de tudo na vida, mas não penso que seja bem assim. Se trata muito mais de ter controle da forma que vamos agir, do que as ações ao redor propriamente ditas. Muitas coisas acontecem a nossa volta sem que sequer possamos mover um dedo para mudar.
Como em uma tela branco, as cores vão sendo escolhidas e algumas quando se misturam acabam se tornando outra diferente. São desenhos que começam de um jeito e com um simples traço, mudam toda a forma que parecia que teria. Nem sempre isso é ruim, pois as vezes pode se mostrar surpreendente. Algumas obras de arte surgem do inesperado e se tornam grandiosas em valor pelo que representam.
Eu rabisco conforme meus sentimentos, sem saber aonde isso vai me levar, e mesmo que as vezes pareça ruim, não deixo de desenhar por medo do que vai aparecer na minha tela. Talvez a minha tela em branco possa ser muito mais bonita se eu permitir que o que for para estar nela, seja pintado na hora que eu sentir que deva ser pintado, independente do que vou visualizar no final de todo esse processo.