Amanda Ághata Costa – Escritora
Tem dias que começo a pensar nas coisas que já fiz, nos planos que desejei, e nas oportunidades que surgiram, como se fosse um lembrete de que um degrau está sendo deixado para trás, mas que outros virão. Eu já subi muitos deles e consequentemente deixei uma porção para trás, mas não os esqueço em momento algum.
Houve uma época em que eu queria pintar o meu cabelo de rosa, e eu achava que seria o máximo se eu fosse tão única assim. Na verdade, se eu não me sentisse única, com os fios loiros, ou ruivos, ou pretos, nada mudaria. A aceitação é algo que vem de dentro, e certamente, não está escondida em um frasco de tinta.
Eu já quis fugir dos meus problemas, e pensava que era possível, até o dia em que percebi que quanto mais você tenta escapar dos receios, mais eles vêm atrás de você. Como também, houve a época em que eu chorei por pessoas que não mereciam as lágrimas que derramei, e mesmo assim, eu derramei cada uma delas. E faria de novo, se fosse necessário. Não porque a dor é agradável, mas porque sem aquelas pessoas erradas, você não conheceria as certas. Não que as pessoas certas serão certas para sempre, mas se forem certas em algum momento, isso significa que foram importantes o suficiente para te fazer subir um novo degrau.
A vida é instável porque nós também somos. Os meus erros são tão importantes quanto os acertos, já que foram os legítimos responsáveis pelas transformações que sofri ao longo dos anos. Eu olho para a minha versão do passado, e não tenho dó, ou me sinto preocupada por tudo o que ela enfrentou. Tenho vontade de elogiá-la pela força que teve, pois enfrentar cada tropeço e seguir em frente nem sempre é tão fácil, mas é certamente necessário.
Então, minha versão do futuro, espero que um dia você se sinta tão orgulhosa quanto a versão do presente. Ela realmente não poderia estar mais satisfeita, por saber que lá na frente há milhares de outros degraus a subir. E, se eles não existirem, há paredes a serem escaladas. E por mais que novos obstáculos apareçam, com um pouco de persistência, qualquer empecilho torna-se menos intimidante.
O destino está nas mãos daqueles que sabem moldá-lo, e eu moldo o meu diariamente. Passem dois, vinte, ou sessenta anos: a minha felicidade só existe, se eu me permitir a sentir. E como eu sinto.