Amanda Ághata Costa
Se quer saber, eu cansei. Não vou mais me esforçar para te agradar, nem vou continuar me desagradando para enfim caber no teu espaço contido.
Não são essas migalhas que você me dá que vão servir para matar a minha fome de querer algo mais. Eu me contrario e desfaço todos os meus anseios quando te dou uma nova chance para você acabar fazendo a mesma coisa de antes, a mesma coisa de sempre. Não é disso que eu preciso, muito menos é isso que me atrai.
O seu vazio, ridiculamente visível, é notado até do espaço e não serve para alguém que, como eu, vê tudo explodindo a todo o momento como fogos de artifício, em plena orla de Copacabana.
Eu sou o excesso que te causa dor de cabeça, mas que me traduz e faz eu ser quem eu sou. Cada excesso tem o meu nome estampado nele.
Talvez não entenda o que é ser tão cheia de tudo, mas se tentasse, poderia perceber que é melhor do que não ter nada dentro do próprio peito.
A sensação de não ter o que sentir deve ser muito pior do que ter todos os meus excessos reunidos e guardados na mala. A propósito, disso você entende bem. De não sentir sua própria mentira escorrendo pela sua boca e destruindo o resto de bom senso que ainda te resta.
Eu cansei de fazer parte da montagem do seu circo e das suas insistentes cenas da pior peça que já pude assistir.
Esse bilhete eu não volto a patrocinar, pois dessa dramaturgia eu não faço mais parte.
Pode juntar todas as suas bagagens e recolher os restos daquelas migalhas que ofereceu, pois talvez precise delas para enfrentar a turbulência.
O seu voo foi cancelado, sem direito a reembolso e muito menos um pedido de desculpas. Aliás, você deveria me enviar um cartão postal com essas palavras escritas no verso.
Não importa qual seja o destino que vai escolher a partir daqui, pois eu já estou longe o bastante para me importar. Esses seus pousos forçados já não fazem mais parte da minha rota de viagem.