Amanda Ághata Costa – Escritora
Eu nunca soube o poder da minha voz, até me ver sendo obrigada a gritar para ser ouvida. Não que eu precisasse de tamanha proporção sonora para chamar a atenção, mas de tanto guardar palavra por palavra como se fossem migalhas aglomeradas, a explosão de sons simplesmente veio. Foi expulsa a força para fora.
Talvez no fundo eu pensasse mesmo que jamais chamaria a atenção de quem estava ao meu redor, e por isso levei tanto tempo para chegar a esse ponto. Mas quando chegou, o estouro rompeu todas as barreiras que haviam a minha volta. Cada mínima palavra que segurei dentro da garganta durante anos, simplesmente criou vida própria para fora da minha língua, sem temer ou ter dúvida do que devia ser dito.
Algumas pessoas provavelmente não conseguiriam entender nem se quisessem muito, mas em certo ponto passei a nem me importar. Meus pensamentos nunca deveriam ser tratados como criaturas presas em jaulas para que eu nunca os soltasse, apesar de já tê-los feitos de prisioneiros mais de uma vez.
Acontece que todo mundo passa por pelo menos um momento onde acredita que deva se calar ao invés de abrir o coração. Ficar em silêncio por vezes acaba sendo mais fácil do que expor tudo o que se pensa. Não é fácil dar a cara a tapa, ainda mais quando as críticas serão duras por conta da sua sinceridade.
Hoje eu não me calo por pouco. Mesmo que doa, mesmo que me critiquem, eu cheguei em um ponto onde só quero ser ouvida e respeitada por aquilo que eu acredito. Aconteça o que acontecer, ao menos a minha voz precisa valer de algo no mundo.