Amanda Ághata Costa – Escritora
Eu sinto muito se sinto muito. Não é só com você, eu juro. Sinto o tempo todo, sobre tudo e todos, inclusive nas horas mais inapropriadas. É que por mais irritante que possa ser, não consigo controlar tudo o que eu sinto, mesmo que isso signifique querer explodir a qualquer momento de tanto que isso se torna grande ou ter vontade de sumir às vezes.
Eu até queria sentir menos, fingir que nada importa, que ninguém me atinge e que sou como uma rocha firme. O problema é que isso seria uma grande mentira, porque sou mais para manteiga derretida do que qualquer coisa sólida, mas se quer saber, é assim que tudo funciona aqui dentro. Boa parte, ao menos.
Sinto tanto por ser assim que o fato de sentir muito me deixa até exausta em alguns momentos, entre eles a maioria. É cansativo se preocupar e se doar a toda hora, ainda mais quando as pessoas ao seu redor pensam que deveria ser mais fria em relação ao mundo. É bem provável que você também pense assim, aliás.
Entendo que compreender tudo o que se passa na minha mente e conseguir unir todos os sentimentos não seja uma tarefa muito fácil, principalmente quando todos eles se misturam e viram uma bola de neve incontrolável. Nem eu mesma consigo controlá-los e entendê-los, imagine alguém que está de lado de fora.
Sinto muito se tudo o que eu sinto seja um problema e não uma solução, mas é que sentir muito realmente acaba sendo uma desculpa que começa parecendo uma coisa é termina sendo outra. Não dá para entender e só da para sentir, como tudo que sempre tentei dizer. Não sei o quanto sinto, nem a proporção do que tudo isso significa, mas sinto muito por sentir demais.