Por Amanda Ágatha Costa
Não concordo com tudo o que dizem por aí. Sou meio cabeça dura e tem coisas que simplesmente não fazem sentido para mim. Não importa o que você pense, é assim e ponto.
Renato Russo dizia que “temos todo o tempo do mundo”, mas de que tempo ele estava falando, afinal? Se for o mesmo tempo que eu estou pensando, não temos praticamente nada dele ao nosso dispor. Pelo contrário, temos cada vez menos.
Tamanha ironia não anula o fato de que tem gente que realmente prega isso. Como podem acreditar em algo assim? Um pai de família sai para trabalhar e corre o risco de nunca voltar. Um desastre pode acontecer daqui a dois segundos e tudo acabar em menos tempo ainda. A gente só acha que existe tempo para fazer tudo o que se tem vontade para usar como desculpa para deixar o resto para depois. Na maioria das vezes é o que todos fazem de melhor.
Existem tantos sonhos engavetados, que nem todas as marcenarias do planeta dariam conta de produzir armários para armazenar todos eles. São tantos adiamentos, tantas negações, tanto para não levar adiante o que talvez pudesse trazer mais felicidade. No fundo, acho que as pessoas têm medo de serem felizes. Parece bobagem, mas é muito sério. Ser feliz requer coragem e quanto mais o tal do tempo passa, menos se vê atos corajosos por aí.
Ninguém quer dar a cara para bater. Correr risco não é para muitos. Sentar no sofá, cruzar os braços e dizer “temos todo o tempo do mundo” é mais fácil do que realmente correr atrás do que se tem vontade. O mundo, na verdade, não espera por ninguém. Se o tempo não te derrubar por conta própria, talvez seja o mundo que te faça ficar para trás por não ter agido antes.