Amanda Ághata Costa – Escritora
A gente cresce ouvindo coisas que machucam, sem que muitas vezes sequer percebamos isso. Nos mandam sermos fortes como uma rocha e ainda vão além, nos dizem para engolirmos o choro quando estivermos tristes, porque chorar é sinal de fraqueza, e se tem algo que no mundo atual ninguém pode ser, isso é o tal do fraco. Até o fato de ser compassivo e cuidadoso, muitas vezes é visto como um sinal de falta de força, quando deveria ser o contrário.
Se acham que ser fraco é pensar no outro e não só em mim, então eu sou fraco. Não vivo em uma bolha para olhar só para meu próprio umbigo, então vou me preocupar com quem está a minha volta, doa a quem doer. Isso é, não doa a quem não tiver que doer, já que sentir dor e admitir isso em voz alta também é coisa de gente fraca.
É isso, hoje em dia tudo é motivo para ser chamado de fraco. Ouvir isso desde jovens nos faz as vezes repensar sobre valores que antigamente se mostravam tão fortes quanto agora se julgam como o oposto.
Não é certo ensinar para as nossas crianças que a gentileza precisa ser catalogada como algo ruim, ou do contrário irão passar por cima de você, ou nunca o terão como um exemplo a ser seguido. Ensinando que ao ser sensível é possível olhar com olhos humanos para quem está a nossa volta, é que vamos de fato ensinar bons exemplos. Não é através do rancor e do incentivo ao ódio que se conquistam os verdadeiros troféus.
A gente cresce com essas feridas doloridas, que parecem que não cicatrizam, porque nós ainda permitimos que isso viva dentro dos nossos pensamentos. Quando incentivamos que não se deixem abalar com as quedas da vida, isso só faz com que a nova geração acredite que não pode ser nada além de impenetrável. Assim se geram rochas, e não pessoas com alguma humanidade ainda digna de ser explorada.
Somente através da boa semeadura, que se tem uma boa colheita. O tal do fraco só será o tal do forte, se permitirmos que ele seja visto como tal, sendo justamente forte através das suas ditas fraquezas.