Amanda Ághata Costa – Escritora
Queria poder dizer que nunca me doí por coisas pequenas que eu achava que eram gigantescas, quando na realidade eram ainda menores do que podiam aparentar à primeira vista. Inclusive, por falar em coisas pequenas, já me senti inferior por pessoas inferiores, que eu achava que eram maiores do que tudo, quando no final não significaram nada.
Queria poder dizer que isso só aconteceu uma vez, que eu nunca mais me deixei levar pelas palavras maldosas que dispararam contra mim, ou que eu jamais fiz algo para agradar alguém quando deveria primeiro priorizar a minha própria vontade.
É difícil seguir a regra à risca, ainda mais quando no fundo o seu instinto sempre te leva a crer no melhor lado de tudo.
Queria poder dizer que o passado nunca me feriu no futuro, ou que eu nunca tenha me deixado abalar por acontecimentos que, aparentemente, já estavam soterrados.
Às vezes, as lembranças são como zumbis que perambulam, mesmo que caindo aos pedaços, prontas para tentar te atacar.
Nem sempre se consegue fugir do que te assombra, independente do quanto se esquive para o outro lado.
Queria poder dizer que todas as vezes que dei amor a alguém o recebi igualmente na volta, mas nem todos os amores são recíprocos e nem todas as tentativas são certamente válidas.
Acontece que não existe uma borracha mágica que apague o que já aconteceu, nem uma máquina do tempo que possa te transportar para mudar para sempre um fato antigo ou até mesmo um novo.
Queria poder dizer que nunca errei, e principalmente, que nunca voltaria a errar, mas aí eu estaria mentindo para mim mesma.
Não importa o quanto eu queira, não posso dizer que tudo que já fiz, não repetiria novamente. Posso até tentar ser perfeita, mas no fundo sou apenas humana.