Amanda Ágatha Costa
Das tantas coisas que eu queria poder escolher se um desejo meu pudesse ser realizado, seria o de saber o que fazer sem ter que quebrar a cara antes de descobrir.
Nunca acerto nada na primeira tentativa, independente do que seja. Primeiro amor? Grande furada. Primeira vez no emprego novo? Piada da turma. Conhecendo gente nova e tentando interagir? Melhor nem comentar.
Simplesmente nunca sei como agir antes de já ter agido e ter feito besteira. Quando percebo o que poderia fazer de diferente, tudo já aconteceu.
Monto discursos lindos na minha cabeça, mas depois do primeiro minuto de silêncio constrangedor, eles já não resolvem muito mais.
Tem gente que parece que nasce com o dom de fazer tudo dar certo. Talvez uns tenham dedo de Midas, enquanto eu tenho o dedo propício a tornar tudo lixo reciclável. Não serve se não passar por uma peneira.
Sempre preciso consertar incansavelmente até que finalmente se torne algo melhor. Vai ver eu seja exigente demais e procure a perfeição onde não existe, ou vai ver eu sou só azarada mesmo e não consigo acertar com facilidade. Ou melhor dizendo, não acertar quase nunca.
Óbvio que eu também tenho algumas intuições que aparentemente dão certo, só que elas resolvem pifar lá pelo meio do caminho e anos luz a frente é que revelam o grande resultado falho.
Quando penso que descobri a resposta que tanto procurava, o universo vem e esfrega na minha cara que nem cheguei perto disso. Quase sinto como se alguém gargalhasse sem parar da minha ingenuidade em achar que sei de algo.
Quanto mais vivo, mais entendo o quanto continuo sem entender absolutamente nada. A grande caixinha de surpresas nunca deixa de me pegar desprevenida.
Talvez eu precise tentar mais algumas vezes para ver se vai ser diferente dessa vez, ou talvez eu finalmente desperte e me conforme com o simples fato de que nada sei.