Amanda Ághata Costa – Escritora
A menina dos cachos dourados, que reluziam e iluminavam as bochechas rosadas, vez ou outra rodopiava e logo cantarolava: “O que me conduz é aquilo que as estrelas sussurram. Se nada ditam para mim, tampouco sei qual caminho deverei seguir”. Décadas passaram-separa que eu enfim compreendesse a magnitude daqueles dizeres.
No início,cheguei a cogitar que nem deveria dar-lhe ouvidos, pois parecia que ela estava apenas fora de si, ou talvez era somente mais uma menina ingênua acreditando em coisas impossíveis. Como poderiam as estrelas, lá estáticas em cima de nossas cabeças, terem a capacidade desconversar com alguém? Com certeza só poderia ser loucura, já que nenhuma estrela se quer tinha vida.
Mesmo assim, certa vez ao questionarem o que as estrelas tanto lhe sussurravam, a menina voltou a afirmar sem sequer piscar os olhos: “Admire as estrelas e em seguida feche os teus olhos. Quando o momento exato surgir, você vai descobrir a resposta.”.
Confesso que nem todo mundo caiu na história e prontamente acharam que não deveriam dar ouvidos a uma pobre menina tão boba. Eu, inclusive, mas depois de tanta insistência em suas cantorias e afirmações, pensei que talvez devesse dar um pouco de crédito ao que ela tanto dizia. Nenhum mal deveria existir em parar para observar um pouco o céu em uma noite estrelada.
Alguns segundos após, tão estática quanto os pontos de luz brilhando lá em cima, nenhuma voz vinda do céu me sussurrou algo, mas uma voz dentro de mim é quem falou comigo. E foi assim que eu entendi qual era o ponto chave de toda a conversa, afinal. Mesmo sendo tão desacreditada, a menina dos cachos dourados tinha razão.
As estrelas sempre mencionam o que teu coração almeja sentir…