Amanda Ághata Costa – Escritora
Se fosse pra estar sempre no mesmo lugar, eu concretaria os meus pés no chão para que nem precisasse sonhar em sair de onde estou. Ninguém conseguiria me mover dali, nem mesmo eu. Teria até medo do mais simples e inofensivo pensamento de mudança. Não me importaria em conquistar nada novo, pois ficaria conformada com o que teria alcançado chegando até aqui, mesmo que talvez não estivesse tão satisfeita assim com isso.
Talvez nem soubesse que não estaria feliz, porque provavelmente mesmo que não estivesse tão contente, o fato de não tentar nada diferente, me traria uma falsa alegria que seria o meu ponto mais alto de comodismo. Sem metas, sem desejos, não sentiria frio na barriga antes de um acontecimento novo, nem nada do tipo, já que cruzaria os braços sem cogitar soltá-los do corpo conforme a rotina fiel.
Se fosse para me contentar com tão pouco, nenhum sonho seria grande o bastante, pois viveria almejando mais baixo que a minha própria capacidade de desejar. Começaria algo já imaginando o quanto e como tudo viria a dar errado, independente do que os números dissessem sobre a probabilidade de dar certo.
Por isso, ao invés de estar sempre no mesmo lugar, almejo estar a cada dia em um local diferente. Enquanto algo não me fizer feliz o bastante, não preciso fingir o contrário, já que é minha vida e meu bem sentir que estão em jogo. Não quer dizer que eu tenha que acertar todas as vezes em que jogar. Talvez, de fato, nem tudo dê certo. Mas se meus pés podem sobrevoar os mais altos pontos nos sonhos que eu optar por sonhar, porque eu seria tola de mantê-los presos na terra?