Amanda Ághata Costa – Escritora
Não tenho certeza de nada nessa vida. Quero dizer, tenho apenas duas, a de que um dia vamos morrer, e a de que não temos certeza de mais nada além disso. Não sei se amanhã o dia vai amanhecer nublado, com névoa ou com o sol raiando. Nem sei se vou fazer questão de perceber como o clima está, porque tem desses dias em que a gente não quer saber de nada, nem de ninguém. Nem sei se vou olhar para fora para poder pensar em notar essa diferença climática. Talvez nem esteja consciente nesse momento, para sequer ter alguma percepção do mundo.
É por conta disso que não ter certeza de nada nos faz ter a obrigação de aproveitar as certezas do momento. Não importa se amanhã vai estar chovendo, pois considerando que agora está marcando trinta graus no termômetro, é minha obrigação focar em correr para aproveitar o que tenho nas mãos, não aquilo que nem sei se vou ter a disposição.
Sim, talvez amanhã esteja mesmo desabando a maior tempestade de todas, mas ter curtido um dia de verão ensolarado no dia anterior, já fez tudo ter valido a pena. O amanhã não me pertence, então é preciso viver intensamente pensando que ele pode inclusive não chegar depois.
A vida não se trata de quantas certezas nós temos referente ao futuro, mas o quanto sabemos aproveitar as certezas do hoje. Não ter a certeza do que me reserva o amanhã, é o que deve me dar gás para lutar pelos meus sonhos enquanto eu estou no controle dessa locomotiva. Os trilhos que vão me levar para além daqui, não estão no meu controle, e eu só tenho que me deixar levar e curtir a vista enquanto posso apreciar as belezas encontradas no caminho.