Amanda Ághata Costa – Escritora
Quem você é, é exatamente quem você deveria ser. Sem tirar nem pôr, cada degrau que já subiu ou aqueles que foi forçado a descer, fazem parte disso também. Mesmo que apareçam mil e um anúncios piscando por aí, garantindo que você poderia ser uma versão melhor da que é hoje, não acredite nisso como uma verdade absoluta. Estalar os dedos não vai fazer você mudar do dia para a noite.
Talvez esteja realmente longe da sua versão dos sonhos, mas ela não vai simplesmente se apossar do seu corpo como um maldito invasor. Não quer dizer que os seus tantos defeitos deixem de ser o que são, mas é justamente por eles existirem que você é quem você é.
Não é porque você se olha no espelho e espera estar melhor daqui a vinte anos, que a sua versão atual não tenha o devido valor. É ela quem percorreu tantos obstáculos, venceu o primeiro dia na escola nova, teve dor de estômago antes de dar seu primeiro beijo desajeitado e chorou até dormir depois da primeira decepção.
Não é uma versão perfeita mesmo. Talvez tenha vergonha do tanto que riram pelas suas costas, não acredite mais em sonhos fáceis e duvide da sua capacidade de conquistar o mundo se assim quiser. Parece vergonhoso se parar para pensar, mas se quer saber, nenhuma versão é tão diferente da sua ao ponto de querer apagá-la da sua existência.
No fim das contas, a sua melhor versão é aquela que te faz chegar no final da viagem, e pensar que apesar de todos os perrengues, as rotas que quase te colocaram num beco sem saída e os diversos imprevistos que não dá nem para contar nos dedos, ainda assim você percorreria os mesmos trajetos, pois foram eles que te proporcionaram a melhor experiência de todas.