Amanda Ághata Costa – Escritora
Quem está disposto a ver todas as minhas camadas, consegue entender que sou muito mais do que aquilo que está por fora. O pequeno vislumbre na superfície não demonstra nem um terço do que há nas profundezas da minha mente.
Não sou definida pela minha aparência, nem somente pelos meus gestos ou poucas falas, mas por tudo aquilo que carrego dentro de mim e justo o que nem todos são capazes de enxergar.
Conhecer alguém por seus pensamentos é raro, pois para isso é preciso de fato conhecer. O processo para descobrir tudo o que há dentro de alguém não é tão fácil. Normalmente querem ditar quem você é através dos seus prévios julgamentos, não pelas suas próprias palavras, já que é bem mais simples agir desse jeito.
Mas eu não concordo com isso, não mesmo. Não vão conseguir me definir com tão pouco, até porque não seria tão simples.
Sou do tipo de bagagem que o conteúdo não aparece completo no raio-x do aeroporto, nem no rótulo da embalagem, nem no visor da caixinha na prateleira.
Você pode achar que consegue me ler por inteira só de olhar para mim, mas o que existe aqui dentro, vai muito além do que pode aparentar à primeira vista. Sou um aglomerado de tudo que já vi, do que vivi, e do que pretendo viver um dia.
É possível que muitas pessoas possam pensar que sou difícil demais de entender, e é mais possível ainda que de fato eu seja, mas isso não os dá permissão para me desmerecer. Mesmo que eu vá contra todas as convenções, não me encaixe nos padrões tolos e fúteis, ou não pertença a nenhum grupo, continuo preferindo minhas mil e uma camadas complexas.
Antes tantas camadas e detestada por muitos, do que isenta delas e adorada por todos.