Amanda Ághata Costa
Se não fosse o amor, que tantas vezes parece ser falho, e de fato as vezes é, o mundo seria ainda menos mundo. As pessoas desrespeitariam ainda mais as outras pessoas e esqueceriam o simples fato do que é ser uma pessoa, em primeiro lugar. Se não fosse o amor, a guerra constante e massiva que acontece lá fora e também aqui dentro, seria ainda mais destruidora porque quando não se tem o que amar, consequentemente não se tem nada a perder.
Se não fosse o amor, quente e devastador, tudo o que restaria seriam dias vazios e gelados de inverno sem meias para aquecer os pés ou quem sabe o coração. Esse tipo único e inexplicável de calor no peito muda tudo e em todo lugar. Ele, que parece injusto e traiçoeiro, na verdade é mais justo do que a regra dita.
Se não fosse o amor, ninguém teria sequer pelo que lutar. Os sonhos seriam inexistentes e a falta de todo o resto não moveria ninguém para direção nenhuma. Estaríamos perdidos para sempre, em uma bolha de tortura eterna, formada justamente pela falta do próprio amor dito.
Às vezes grito que odeio o amor e o eco que retorna em minha direção me prova que até se não houvesse o amor, ninguém teria como saber o que é o ódio. A linha tênue que separa uma coisa simples de outra complicada é tão clara quanto a de que o amor transforma mesmo sem querer. Posso até pensar que sem ele eu estaria melhor, mas se paro para refletir, percebo que isso não passa de apenas um engano bobo e momentâneo. Se não fosse o amor, eu não sei nem quem eu seria.