Professores de 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental que trabalham com o desafio e prazer de alfabetizar estão tendo a oportunidade de aprimorar os conhecimentos por meio do projeto Jornada de Professores. Organizado pelo Arranjo do Desenvolvimento da Educação (ADE) da Granfpolis, programa implantado em uma parceria entre as secretarias de Educação da região, a Associação dos Municípios da Grande Florianópolis e o Instituto Positivo, o projeto visa a promover o fortalecimento profissional, a troca de experiências entre os participantes e, principalmente, o apoio mútuo. Mais de 400 professores de 18 municípios do território participaram este mês de um dos cinco encontros virtuais realizados na segunda etapa do projeto.
“A formação continuada é um processo fundamental para os educadores, dada a complexidade do trabalho pedagógico, que lida diretamente com o desenvolvimento de seres humanos. Desse modo, as reflexões de caráter filosófico e teórico-metodológico se colocam como importantes subsídios para as elaborações docentes, de maneira a contribuir com os alfabetizadores naquilo que é sua responsabilidade, a garantia da aprendizagem das crianças em processo de alfabetização”, afirma a professora e facilitadora do projeto, Amanda Chraim.
Segundo ela, serão cinco etapas e o planejamento dos encontros foi delineado, sobretudo, a partir do que é central para o processo de alfabetização, aliado à preocupação dos secretários em relação à pandemia e ao isolamento social. “As aulas presenciais estão suspensas, mas em algum momento serão retomadas e queremos que os professores estejam ainda mais preparados para isso. Anteriormente ao início da formação, os secretários de Educação e os próprios alfabetizadores expuseram suas preocupações e angústias em relação à escolarização das crianças no contexto da pandemia, por meio de uma pesquisa – e isso também foi considerado no itinerário formativo”, explica.
O primeiro encontro teve como foco o acolhimento. No segundo, foram abordadas as especificidades do processo de alfabetização. “A pandemia torna ainda mais evidente as desigualdades, sendo uma delas o acesso à língua escrita e ao conhecimento de modo geral. Assim, a escola pública, responsável por garantir a socialização dos conhecimentos sistematizados em vistas da formação humana, tem diante de si, neste momento, limites que a ultrapassam, já que é condicionada por outros fatores sociais. No que se refere à alfabetização, a complexidade é ainda maior, se considerarmos que grande parte das crianças não havia, ainda, se apropriado da língua escrita a tal ponto que ela se tornasse uma ‘segunda natureza’, um hábito irreversível, e isso tem impactos profundos para o encaminhamento das atividades pedagógicas”, destaca a professora, ao falar do atual momento da Educação.
Por isso, ela ressalta que a formação é tão importante neste momento e conta que os professores estão aproveitando a oportunidade. “Muitos estão participando, encaminhando perguntas e interagindo. Esperamos que, ao fim desta formação, os alfabetizadores disponham de subsídios teóricos e metodológicos para que desenvolvam seu planejamento, de modo coerente e consequente, reconhecendo as possibilidades e os limites da aprendizagem neste contexto, de modo a garantir a alfabetização das nossas crianças”, finaliza.
Sobre os Arranjos de Desenvolvimento da Educação (ADEs)
Os Arranjos são um modelo de trabalho em rede, no qual um grupo de municípios com proximidade geográfica e características sociais e educacionais semelhantes buscam trocar experiências, planejar e trabalhar em conjunto – e não mais isoladamente, somando esforços, recursos e competências para solucionar conjuntamente as dificuldades na área da Educação. A proposta dos Arranjos foi homologada pelo MEC em 2011, e incluída como uma opção para o alcance das metas e das estratégias previstas no Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014 (artigo 7º, parágrafo 7º).
O Brasil possui atualmente 14 ADEs, com 244 municípios trabalhando nesse modelo de colaboração, e alguns já conquistaram avanços consistentes que indicam que estão no caminho certo. Dedicado a estudar e a difundir a metodologia dos ADEs no Brasil, o Instituto Positivo é parceiro da Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis (Granfpolis), em Santa Catarina, e, em uma articulação pioneira, lançaram em 2015 o primeiro ADE do sul do país.
Sobre o ADE Granfpolis
Atualmente, 21 secretários de Educação da região e as suas equipes trabalham de forma conjunta, a fim de alcançar as quatro metas territoriais, definidas em comum acordo e que visam melhorar a qualidade do ensino no território. Fazem parte do ADE Granfpolis os municípios de: Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu, Canelinha, Florianópolis, Garopaba, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Palhoça, Paulo Lopes, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João Batista, São José, São Pedro de Alcântara e Tijucas.