Eu não sei tudo. Na verdade, é bem provável que eu não saiba nada. Não sei o porque de perder coisas quando achava que devia ganhá-las. Não sei mencionar o que a vida leva, nem o que ela traz, muito menos o porque de ter uma vida. Como ela começa se não pedimos por isso? Ninguém sabe dizer também.
Não sei o sentido da morte, mas pelo menos sei que ela chega para todos. Como é difícil admitir que ela chega, aliás. Não sei dizer adeus para ninguém, por falar nisso. Como sei que o fim vai chegar, se não quero nem admitir que ele existe? Querendo ou não, é fatal. Estou aqui durante um tempo já determinado por sabe-se lá quem e não tenho controle de absolutamente nada nesse sentido. Falando assim, não chega a parecer que sou uma simples marionete articulada? Doí admitir, mas disso eu sei também. Seja pela sociedade, seja pelo que já ditam desde o início, tudo que eu faço tem um dedo intrometido de alguém por trás tentando me manipular. Tentam sempre se meter no que apenas eu devia controlar, mas se nem sei porque nasci ou porque e quando irei morrer, como é que posso querer ter alguma espécie de controle?
Não sei nem porque penso que podia ser diferente, mas naturalmente eu sou. Não sei porque tenho que concordar com um monte de absurdos que não concordo, somente porque nadar contra a maré é mais difícil. Falam que isso é menos desgastante, mas não sei como podem pensar que se calar é uma boa forma de aproveitar aquela mesma vida que nem se sabe quando vai acabar. Não sei ser essa pessoa. Não sei ficar em silêncio quando a minha voz grita dentro da minha cabeça e implora para ter mais ação. É aí que entra mais uma coisa que eu sei. Entre tantas que não compreendo, ao menos sei o meu papel no mundo e o que posso fazer com ele enquanto eu tiver chance disso. Já que o tempo pode acabar a qualquer minuto, melhor eu não perder nenhum segundo em vão.