Davi Pereira – 9º ano
José, esposo de Isabel e pai de cinco filhos, homem trabalhador, agricultor que cultivou muitas plantações de mandioca, milho e batata-doce, passava o maior tempo entre a roça e sua casa no cantinho das Pulgas. Como a maioria dos colonos, que habitavam os locais mais ao interior de Tigipió, evitava sair ou voltar para casa quando o sol se punha. O povo da região tinha um medo muito comum, o de se deparar com vultos acompanhados de uivos e gritos. Isso porque, segundo as crenças locais, era indício da presença de um lobisomem.
Certa vez, José deixou passar despercebido o cair da noite, enquanto ficava sentado num toco de pau esperando assar uma batata-doce que tinha colocado na chapa do fogão de lenha, para seu café da manhã no dia seguinte.
Distraído com a situação, ao levantar-se para ir até o fogão, ouviu gritos e viu um vulto passando atrás da sua casa. O medo tomou conta de José, que correu até a estrebaria do gado e pegou um facão para se defender do que constatou ser um lobisomem.
Ao voltar da estrabaria, procurou por todos os cantos da casa, pois os gritos pareciam ainda permanecer. O vulto havia desaparecido, mas a insegurança fez o agricultor permanecer atento para defender sua família da criatura que viera lhe assustar. Passou a noite assim.
No dia seguinte, José logo pela madrugada, mesmo cansado da situação ergueu-se para uma nova rotina de trabalho na roça. Aquela noite acabou bem, mas desde então, todas as noites os gritos do lobisomem eram ouvidos e os vultos eram percebidos. A quem diga que a criatura ainda habita as matas no interior de Arataca, causando, ainda, muito medo nos moradores locais. Quando chega a noite de lua cheia, muita gente ainda aguarda o lobisomem aparecer.