Stefania Gandin Marchi – Espírita
Um dos princípios básicos da doutrina espírita é a crença na reencarnação, ou seja, nas múltiplas existências no plano físico de um mesmo espirito. Segundo a doutrina Deus nos criou simples e ignorantes, em busca da perfeição, e assim a cada existência vamos evoluindo em busca dessa perfeição.
É como a famosa frase do codificador da Doutrina Espirita, Allan Kardec, “nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”Ou seja nossa vida como espirito é feita de ciclos naturais, onde nascer e morrer fazem parte destes ciclos, assim como renascer também.
A doutrina espírita explica por meio da reencarnação, as situações que envolvem sofrimento físico das pessoas. Por que uma pessoa nasce com uma grave deficiência física e outra nasce no mesmo hospital, dia e hora, porem saudável? Por que alguém nasce na abundância financeira e outro nasce em situação de extrema pobreza? É comum haver o questionamento: “que Deus é esse (?)” que permite que uns sofram tanto na pobreza e outros tenham as grandes possibilidades que uma melhor situação financeira proporcionam? De maneira superficial podemos dizer que por meio das sucessivas existências vamos trilhando caminhos que nos levam até o presente momento. O que vivemos no presente são resgates do passado, muitas vezes de outras encarnações, muitas vezes resgates de ações da presente encarnação. Precisamos ser conscientes que a maneira como vivemos irá nos trazer consequências em um momento futuro.
Também explica-se por meio da reencarnação porque uma criança ao nascer carrega certas características, personalidade e atitudes que nos causam estranheza. São espíritos milenares agora vivendo nova experiência na carne, esquecidos do passado, mas carregando a suas tendências e inclinações. Quantas crianças que ainda nem conseguem se expressar com clareza, porem já manifestam interesse por algum instrumento musical ou profissão; quantos outros demonstram se lembrar de experiências de outras vidas…
O assunto é mais complexo do que essas poucas linhas podem esclarecer. Porém cabe estarmos cientes que Deus não castiga ninguém, nós somos responsáveis por nossas escolhas, por nossa caminhada. É importante considerar a lógica, quando falamos sobre reencarnação e livre arbítrio. Veja bem, uma pessoa que comete um crime gravíssimo contra alguém, seria justo que com a morte, ou desencarne, o crime seja esquecido? Claro que existe o perdão no meio dessa equação, porém o perdão não exime da responsabilidade com relação ao ato praticado.
Lembremos que Deus é soberanamente bom e justo e que somos responsáveis por nossos atos. Deus é como um pai amoroso que conhece todos os defeitos dos seus filhos, porém os ama da mesma forma. Busquemos nele a resiliência necessária para seguir nosso caminho e não nos esqueçamos que todo ato de amor ao próximo é uma oportunidade de plantar o bem e trilhar novos caminhos. Todo bem praticado é um atenuante diante das falhas cometidas.