Amanda Ághata Costa – Escritora
Sempre vi certa delicadeza em falar das vezes em que desabrochamos, como se realmente fôssemos flores que passam por vários processos até chegarem no ápice da sua exuberância. O que começa como uma semente, depois brota, e desabrocha lentamente no tempo exato e necessário para enfim estar completa. Esse processo, embora pareça padrão, é diferente para cada espécie de flor. Para cada espécie de humano também.
Cada pessoa passa por seus processos de forma única e singular. O que para alguns pode levar apenas alguns dias, para outros pode levar mais do que meses e tá tudo bem. Esse é justamente o preço da singularidade.
Ninguém flori sem antes passar pelos espinhos, muito menos sem enfrentar as tempestades que despetalam o que tínhamos de mais bonito, ou que achávamos ter de melhor. Às vezes o que acreditávamos ser o melhor, muitas das vezes também nem era tão incrível assim. O despetalar das nossas convicções diz muito sobre isso, sobre deixar para trás as ideias de beleza e perfeição que nos prendiam em nosso próprio caule.
Somos feitos de etapas tão profundas e longas quanto as das mais belas primaveras. Nem sempre sabemos enxergar o momento em que florimos, por medo de coisas bobas que nem cabem dizer, mas o momento chega e é tão lindo quanto um campo coberto das mais lindas rosas. Afinal, humanos ou flores, a ideia de despetalar só é bonita porque um dia já passamos pela fase do desabrochar.