O comércio de Santa Catarina já vem sentindo os reflexos da paralisação desde os primeiros dias de quarentena. A prorrogação por mais sete dias, por meio do decreto estadual, trouxe ainda mais preocupação. Em São João Batista, por exemplo, o prejuízo para 103 empresas do comércio já somava R$ 4 milhões de prejuízo somente nos quatro primeiros dias de portas fechadas.
Por isto, representantes das Câmaras de Dirigentes e Lojistas de Santa Catarina (CDL/SC) se uniram para solicitar ao Governo do Estado a flexibilização na abertura do comércio para a próxima segunda-feira, 6.
Esta seria uma medida para minimizar os impactos da covid-19 na economia local, principalmente na semana que antecede a uma data comemorativa importante, como a Páscoa.
O diretor-executivo da CDL de São João Batista, William Santos, conta que na primeira semana de paralisação a entidade realizou uma pesquisa com alguns setores, sendo que destes, responderam: comércio (50%), serviço (37%) e turismo (13%), totalizando em 103 empresas.
No levantamento, 55% dos pesquisados pensavam em demitir algum colaborador logo nos primeiros quatros dias de parada. “Como já passamos de 15 dias, esse número deve aumentar. Não temos ainda números oficiais devido a muitos comércios ainda estarem parados. Mas, segundo a pesquisa, naquele momento, 140 pessoas poderiam perder seus empregos”, revela.
Santos ressalta que o prejuízo para o comércio é imensurável até neste momento. E, a cada dia que as lojas permanecem fechadas, toda a cadeia que envolve consumo de bens é impactada direta ou indiretamente. “Se nos primeiros dias o prejuízo somava R$ 4 milhões, atualmente, devemos chegar a marca de R$ 16 milhões somente nas empresas pesquisadas”, avalia.
Novas demissões
Com o agravamento do momento e a quantidade de dias excessivos de quarentena, sem nenhuma conclusão definitiva para reabertura do comércio, os números de demissões no município podem aumentar. “Até porque a maioria das empresas são de pequeno e médio porte, e não possuem capital de giro suficiente para segurar os compromissos sem entradas financeiras no fluxo de caixa. O tempo médio que essas empresas conseguem aguentar sem faturamento, no Brasil, é de 27 dias, segundo a JP Morgam”, informa Santos.
Para tentar driblar esse cenário, algumas empresas precisarão tomar decisões drásticas, como prorrogações de títulos de fornecedores, suspensão ou cancelamento de pedidos, renegociação de contratos e até cancelamentos, aviso de férias, utilização de home office ou banco de horas para os colaboradores. E, no extremo das decisões, a demissões de colaboradores.
Com a liberação de delivery para todos os setores, conforme decreto estadual, facilitou para as empresas se adaptarem e começarem um novo modelo de negócios. “Acredito que toda a crise gera algum tipo de oportunidade e aprendizagem. Essa possibilidade de venda de delivery ajudou muitas empresas a colocar dinheiro rápido no caixa, minimizando o desligamento repentino das atividades”, comenta.
Vendas de Páscoa são afetadas
O comércio já vem explorando a Páscoa de uma forma mais macro, segundo o diretor-executivo da CDL. Com isso, novas oportunidades de presentear foram criadas, sem ser somente chocolates, mas também com presentes tradicionais que todo o comércio oferece.
“As empresas vem construindo combos que aumenta o ticket médio de venda das empresas, e não está mais focando somente nos recursos separados pelos consumidores para a aquisição de chocolates. Isso faz a perspectiva ser mais otimista e, automaticamente, os índices de consumo neste período aumentam”, diz.
Entretanto, devido ao momento vivido, Santos analisa que, possivelmente, haverá quedas no consumo devido a insegurança social de empregabilidade e saúde. “Se o comércio permanecer fechado até a quarta-feira, 8, ou o decreto for prorrogado, as quedas poderão ser agravadas ainda mais”, afirma Santos.
Antes da pandemia, a perspectiva de vendas para a Páscoa era bastante otimista, pois o comércio já havia identificado um aquecimento no consumo pelos consumidores. Com isso, as estratégias já estavam criadas para fazer a data ser melhor que em 2019. “A nossa perspectiva, agora, é conseguir otimizar os resultados das vendas para o Dia das Mães, uma data importante para o varejo e que pode ajudar muito na recuperação do comércio”, destaca.
Para este momento, Santos avalia que é preciso criar o desejo no consumidor de valorização do comércio local para manter os empregos, a longevidade das empresas e o crescimento da economia do município.