Amanda Ághata Costa – Escritora
Esses são tempos muito cruéis, que exigem mais da gente do que realmente somos capazes de absorver. Tentamos fingir que conseguimos seguir o fluxo das coisas, mas não damos mais conta. A velocidade com que tudo é empurrado goela abaixo parece um carro de fórmula um percorrendo as pistas, com os freios cortados e totalmente descontrolado. Esses tempos modernos não só roubam diariamente a nossa inocência, como também nos tiram o que jamais pensamos que seria perdido.
Os olhos não se cruzam mais, pois em vez de perder tempo para observar o que há dentro deles, estão ocupados demais para julgar o que há ao seu redor. Em vez de estender a mão para ajudar, há mais pessoas tentando empurrar qualquer um ladeira abaixo, como se fosse uma competição de quem consegue permanecer mais tempo de pé.
Ninguém mais aceita perder. Seja um segundo do seu tempo ou seja lá o que tenha de mais precioso naquele momento, a simples ideia de não ter tudo à disposição assusta. Esses são tempos em que as pessoas acham que tudo gira ao redor delas e que nada pode fugir disso. É mais sobre olhar para o próprio umbigo do que para o de quem está adiante. Não importam as dores alheias, desde que as suas estejam controladas.
O egoísmo se tornou a atração principal, com um grande holofote mirado sob ele. enquanto devia estar afastado no canto escuro do palco. Esses são tempos cruéis, onde salve-se quem puder para não ser picado pelo mosquito da indiferença, pois se ainda há esperança para um futuro, é na minoria que ainda mantém a fé de surgirem tempos melhores.