Os primeiros 26 dias da quarentena, em São João Batista, não alteraram significativamente o gráfico de ocorrências da Polícia Militar. Durante este período, o setor de segurança pública se voltou, especialmente, à fiscalização do cumprimento do decreto estadual quanto ao isolamento social.
De 16 de março, quando houveram as primeiras restrições no estado e município, até 12 de abril, a PM de São João Batista registrou 98 abordagens diretas em indústrias, comércios e estabelecimentos abrangidos pelas restrições do decreto.
Destes, apenas um precisou ser autuado e adotado os procedimentos administrativos de interdição cautelar e criminal. O subtenente Marcio Meyer, comandante da PM do município, explica que desde 18 de março, quando o governo do estado publicou o decreto com as restrições, a Polícia Militar de Santa Catarina tem atuado em todo o estado de maneira uniforme, sob o comando da Sala de Situação na Capital.
“Em São João Batista, nossas ações estão sendo norteadas pela conscientização quanto ao perigo do avanço do coronavírus, interagindo com o poder público municipal, CDL comerciantes e industriais, controlando, monitorando, mediando, conciliando e dialogando sempre”, diz.
Mesmo com o nível de tensão elevado, o militar afirma que tem conseguido ótimos resultados nessa interação e fiscalização. “Atuamos em simetria com a capital, que emite diariamente as atualizações e procedimentos para atuação em campo, gerando equilíbrio e razoabilidade durante as intervenções necessárias”, destaca.
Gráfico de criminalidade
Durante 16 de março a 12 de abril, São João Batista se mantém em equilíbrio em relação ao gráfico de criminalidade, comparado ao mesmo período do ano passado.
Os dados que mais chamam atenção são os acidentes de trânsito, que durante o isolamento social tiveram uma redução de 63%.
Em relação aos furtos a residência, em 2019, neste período foram registrados três casos pela Polícia Militar. Neste ano, entretanto, foram cinco, em 26 dias. Furto em comércio também foram cinco, com acréscimo de apenas um comparado com mesmo período do ano passado. Além disso, ocorreu o furto de um veículo.
Enquanto ano passado ocorreram dois roubos no comércio de 16 de março a 12 de abril, neste ano teve apenas um.
“Não houve mudança na linha de tendência do gráfico, que mostra a evolução de ocorrências violentas, e tampouco na mancha no mapa indicando mudança geográfica, mas estamos monitorando para tomada de decisões caso necessário”, afirma o subtenente.
Ele ressalta que a Polícia Militar está acompanhando todo o cenário imprevisível de demissões nas indústrias e comércios, que pode gerar uma insolvência generalizada e a eventual escalada da violência na cidade. “Contudo, a prospecção de desemprego em massa, embora já tenha sido anunciada, acreditamos que será revertida. Percebemos que em São João Batista a população ainda se encontra economicamente ativa e, de modo geral, a rentabilidade ainda está garantida, pelo menos nos próximos trinta ou sessenta dias com o recebimento de salários de aviso prévio ou direitos trabalhistas de eventuais demissões, ou mesmo através das medidas de aporte financeiro do governo”, comenta.
Caso a situação se agrave, Meyer garante que a Polícia Militar já possui um plano de contingência, com planejamento de ações e procedimentos de medidas antecipatórias, por meio do serviço de inteligência no apoio para o desdobramento de ações operacionais ostensivas de campo.
Perturbação do sossego
Apesar do gráfico de ocorrências apontar um crescimento de perturbação do sossego de 56% durante o período de 16 de março a 12 de abril, o subtenente Meyer acredita que não seja relacionado ao isolamento social ou denúncias de eventuais festas.
“Perturbação do sossego é uma constante em nossos registros, inclusive a nível estadual. Essa diferença de 56% não vejo como aumento, pois corriqueiramente oscila muito, principalmente entre verão e inverno. Às vezes, um simples aparelho de som ligado gera o chamado do vizinho”, informa.