Nesta sexta-feira, 28, as polícias Civil e Militar detalharam o brutal crime ocorrido na quinta-feira, 27, contra uma mulher grávida, em Canelinha.
O comandante da Polícia Militar, coronel Daniel Nunes, explicou que, na noite de quinta-feira, a PM foi acionada na Fundação Hospitalar de Canelinha para uma ocorrência de lesão corporal contra uma criança.
No local, foram informados que uma mulher teria dado entrada no hospital afirmando ter ganhado a bebê na rua, com a ajuda de moradores locais.
Entretanto, a criança estava com cortes profundos nas costas e uma possível lesão na clavícula. O bebê foi encaminhado para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis.
Naquele momento, a Polícia Militar apenas lavrou um boletim de ocorrência pelo crime de lesão corporal e seguiu com as atividades.
Na manhã desta sexta-feira chegou a informação do desaparecimento de Flavia Godinho Mafra, 24 anos. Então, a polícia começou a ligar as histórias.
Por volta das 9h, a PM foi acionada novamente, pois o corpo de Flávia teria sido encontrado pelos próprios familiares, em uma cerâmica, no bairro Galera, em Canelinha.
O policial Michael Rebelo, que esteve no local da ocorrência, conta que a vítima estava com a barriga cortada, numa situação bastante constrangedora e violenta. “Em dez anos de polícia, eu nunca presenciei uma situação desse tipo”, conta.
Assim que tiveram conhecimento do crime, a mulher, de 26 anos, que até então havia ganhado um bebê, foi detida, por ser a principal suspeita de envolvimento no crime.
Planejamento
Ao ser presa, a acusada foi depor ao delegado Paulo Alexandre Freyesleben e Silva, e confessou todo o crime.
De maneira totalmente fria e sem comoção, ela contou ao delegado que engravidou em outubro do ano passado, mas em janeiro perdeu o bebê. Porém, como toda a família estava feliz e entusiasmada com a chegada da criança, ela manteve em segredo o fato de ter perdido o bebê.
Há dois meses ela então começou a planejar o crime e se aproximou de Flavia, a qual era sua conhecida de longa data.
A vítima foi escolhida pela proximidade de amizade e também por estar grávida de uma menina e a data do nascimento do bebê ser próxima a data prevista do seu parto.
A autora então planejou um chá de bebê para Flavia, que ocorreria na quinta-feira, em São João Batista. E, durante a tarde buscou a vítima e levou para o local do crime.
Para sustentar a história, ela contou para as pessoas, na sequência, que no meio do caminho passou mal e deixou Flavia em um local para seguir até o evento com outra mulher, supostamente criada pela autora.
Requintes de crueldade
A assassina levou Flavia até uma cerâmica abandonada, às margens da estrada, e disse que o chá ocorreria lá, e que as pessoas chegariam no local.
Em um momento que a vítima se virou de costas para a autora, ela pegou um tijolo do local e bateu na cabeça de Flavia, a qual caiu desacordada.
No chão, a autora ainda desferiu outros golpes contra a vítima, e depois de desacordada, a autora pegou um estilete e cortou a barriga de Flavia para retirar a criança.
Ela contou ao delegado que teve ajuda de dois homens para ir até em casa com a criança e de lá, junto com o marido, seguiu ao hospital.
O marido de acusada, de 44 anos, também foi preso, suspeito de participar do crime com a esposa.
Mas, segundo o delegado, ele negou os fatos. Ele foi preso em Florianópolis, pois foi até o hospital para pegar o bebê recém-nascido.
“Ele estava bastante nervoso, diferente dela, que não demonstrou reação nenhuma, foi totalmente fria”, conta o delegado.
Destino do bebê
O delegado explica que o bebê está aos cuidados do Conselho Tutelar, em seguida, será encaminhado para a Justiça dar encaminhamento da guarda.
Apesar dos ferimentos causados pelo estilete, o bebê, uma menina, está bem e não corre risco de morte.
Investigações
Os trabalhos investigativos seguem para tentar identificar a participação de mais pessoas e o real envolvimento do marido no crime.
Exames cadavéricos também identificarão se Flavia já estava morta quando a barriga foi cortada para retirar a criança ou ainda estava viva.
Ainda, testes para confirmar o parentesco do bebê com a vítima serão realizados.
O delegado pede que pessoas que tiverem algum detalhe que possa auxiliar nas investigações, que procure a Polícia Civil pelo telefone 181 ou 197, ou ainda a Polícia Militar, no 190.