Ainda não há dados estatísticos, mas o que os médicos têm visto este ano em seus consultórios são casos de câncer em estágios mais avançados. Isso está acontecendo, pois muitas pessoas que não fizeram seus exames de rotina desde o início da pandemia, só agora estão voltando às consultas, mas com um quadro mais grave da doença, o que reduz a chance de cura ou de que o tratamento seja mais eficaz.
“Eles perdem a chance de descobrir o câncer em suas fases iniciais onde podem, dependendo do tipo, ter maior probabilidade de cura. Assim, a sobrevida diminui e a qualidade de vida piora. Alguns pacientes perdem a oportunidade de cirurgia com fins de cura e acabam na cirurgia paliativa”, explica a patologista, Karla Patrícia Casemiro, membro da Associação Brusquense de Medicina (ABM).
Segundo a médica, logo após a pandemia, era comum relatos de pacientes dizendo que tinham medo de adoecer. Todas essas incertezas fizeram com que a maioria cancelasse suas consultas. Além disso, o próprio impedimento de alguns médicos em trabalhar, seja pela idade ou por decretos, acabou ajudando no adiamento das consultas e rotina.
Porém, os médicos destacam que ainda estamos em pandemia e os cuidados permanecem. Pacientes com câncer ou oncológicos, em tratamento ou não, devem redobrar a atenção, já que possuem o sistema imunológico mais debilitado, fazendo com que a chance de contrair o vírus da Covid -19 seja maior e com mais chance de evoluir para casos graves.
“Não deixem de ir nas consultas de rotina e fazer os exames preventivos, sejam quais forem. Retornar aos seus médicos para retomar o acompanhamento e, as pessoas que já estão na idade de realizar exames preventivos ou, que possuem casos de câncer na família, não podem deixar de realizar suas consultas e exames”, lembra a patologista.
A especialista reforça que “dependendo do tipo de câncer e do órgão afetado, um mês pode ser a diferença entre a cura e a doença avançada, sem tratamento eficaz. Pacientes com doenças crônicas não podem deixar o acompanhamento sendo que aqui o tempo é essencial”.