Cristiéle Borgonovo
A majestosa Igreja Matriz de São João Batista, projetada pelo arquiteto alemão Simão Gramlich e edificada há mais de 60 anos pelas mãos habilidosas da comunidade batistense, na manhã de sábado, 9, será palco de um momento histórico. O batistense Alexandre Amorim, 24 anos, será ordenado padre. Ele receberá o sacramento da Ordem na cidade natal, na igreja no qual recebeu a primeira eucaristia e foi coroinha.
A semana foi marcada por ritos solenes, que antecedem a grande passagem que se realizará no sábado. Entre elas o tríduo que iniciou na quarta-feira, 6, com a Missa de Profissão de Fé. Na quinta-feira, 7, foi a celebração da benção dos paramentos e nessa sexta-feira, 8, às 19h30 será o dia do Cálice da Ordenação. Já no sábado, 9, às 9h ocorre a ordenação. No domingo, 10, às 9h haverá a primeira missa celebrada pelo já ordenado Padre Alexandre. Toda a programação ocorrerá na Igreja Matriz, no Centro.
Alexandre nasceu em São João Batista, no Hospital Monsenhor José Locks e morou no início da vida no bairro Ribanceira do Sul. Ao lado da saudosa mãe Maria Irene Alexandre, acompanhava as missas dominicais na Capela Nossa Senha de Fátima, dessa forma iniciava a caminhada na fé.
Ele conta que por ser filho único, durante a semana a companhia era os pais. A mãe trabalhava como sapateira em um atelier em casa, já o pai, Leoni Amorim, 54 anos, tinha uma oficina especializada em latoaria automotiva. Já nos fins de semana, se encontrava com os primos na casa dos avós e assim a festa era garantida.
Com a separação dos pais, Alexandre e a mãe se mudaram para o Centro, onde moraram com os avós, Manoel Alexandre, o Maneca do Morro, e Alaide Villanova. Com o falecimento da mãe, quando ele tinha 10 anos, foi morar com os padrinhos que também são tios, Edilson Cordeiro e Aranilda Alexandre Cordeiro, no Centro, na mesma rua dos avós. “Eu que era filho único passei a ter três irmãos, isso me ajudou no processo do luto”, conta.
Estudos na fé
Alexandre iniciou a vida educacional na Escola Monsenhor José Locks, no bairro Ribanceira do Sul e seguiu na Escola de Educação Básica São João Batista, no Centro. Foi membro ativo do grupo de coroinhas da Igreja Matriz. E nesse período, recebeu o convite dos padres, membros da igreja e um amigo também coroinha, em 2012, para participar de um encontro vocacional. “Nesse encontro o vazio se preencheu, foi nesse momento que percebi que havia encontrado o que procurava. Contei para os meus familiares que me apoiaram”, relata.
Em 2014 ingressou no Seminário de Azambuja, em Brusque, onde também, concluiu o Ensino Médio. Em 2017 se formou em Filosofia, na Faculdade São Luiz, também em Brusque. Pela Facasc – Faculdade Católica de Santa Catarina – em Florianópolis, se formou em Teologia.
Em 20 de abril desse ano foi ordenado diácono e trabalha na Catedral de Florianópolis a pedido do arcebispo Dom Wilson Tadeu Jünck. Lá também realiza visitas aos doentes no Hospital Universitário, coordena o grupo de jovens e realiza os trabalhos diaconais.
Desafios enfrentados e missão
Nem sempre são colhidas flores pelos caminhos da vida. Com Alexandre não foi diferente. Ele descreve o período da realização da pastoral como desafiador. No início teve que aprender a lidar com a timidez e criar ações atrativas para se inserir em um ambiente diferente do familiar. “Fiz parte da pastoral em Balneário Camboriú lá, culturalmente as pessoas não são tão acolhedoras como em São João Batista, mas com o tempo consegui me adequar aquele espaço”, revela.
Já o terceiro e último ano de pastoral foi na localidade de Poço Fundo, em Brusque, onde com uma acolhida mais calorosa e semelhante a batistense, conseguiu se realizar de uma forma mais fácil.
Inspirado no padroeiro da cidade, João Batista, ele tem como um dos lemas da missão os veículos de João (1, 7-8) “Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz”. Para Alexandre a missão dele, assim como São João Batista, será de apontar para a luz de Cristo.