Marlina Oliveira – Professora
Puxa a cadeira, chega mais perto e vamos prosear?
Quem me conhece sabe o quanto gosto de sentar e escrever um pouco aos domingos, entre um chimarrão e outro. Isso me ajuda a refletir e traz boas ideias. E a ideia é de dar início a um pequeno projeto chamado ‘Crônicas curtas sobre Educação’, para que possamos prosear um pouco sobre essa temática, que é tão importante para mim, para você e para todos nós.
Mas, antes de tudo, deixa eu me apresentar. Sou professora por formação e, há dez anos, atuo como coordenadora pedagógica na Rede Municipal de Educação de Brusque. Em 2020 fui à única mulher eleita como vereadora com 753 votos. Votos estes, advindos na grande maioria de educadores, ou seja, dos trabalhadores em educação: serventes, merendeiras, monitores, professores e coordenadores pedagógicos que confiaram a mim o papel de representar os interesses educacionais no poder legislativo.
Quando falo em interesses educacionais, falo com a propriedade daquelas e daqueles que vivem no chão da escola e conhecem os problemas existentes. Por isso oportunizar e garantir no parlamento o espaço, a vez e a voz dos educadores é algo que não abro mão, doa a quem doer.
Afinal, quem melhor que as merendeiras escolares para falar sobre a qualidade dos alimentos que o prefeito manda às escolas? Quem melhor que as serventes para falar da qualidade do sabão e de todos os produtos de limpeza que são licitados pelo prefeito e sua secretária da educação? Quem melhor que as monitoras, que passam o dia inteiro junto das crianças na educação infantil, para falar da precariedade dos brinquedos que chegam à Educação Infantil? Ah, e por falar em brinquedo, material que é de suma importância ao trabalho docente das Professoras e monitoras atuantes na Educação Infantil. Alguém as consultas na hora de realizar a compra desses materiais?
Continuando, quem melhor que os professores de Educação Física para falar sobre a precarização dos espaços e dos materiais para realizar uma aula decente? Quem melhor que os professores de área: história, línguas, ética, geografia, arte, ciências, matemática para falar dos desafios que é mobilizar o conhecimento com infraestruturas ínfimas?
Quem melhor que os professores em contratados em caráter temporário para falar dos abusos e dos assédios que sofrem cotidianamente? Quem melhor que as nossas professoras da Educação Especial para falar da ausência de uma rede que lhes dê suporte para o trabalho, que é realizado de maneira heróica e solitária?
E por fim, quem melhor que os coordenadores pedagógicos para falar sobre o adoecimento dos nossos professores, da ausência de um projeto de formação continuada e os impactos de tudo isso na profissionalização dos nossos professores?
Quando temos representatividade (vez e voz) esses temas vêm à tona e incomodam muito os poderosos que são acostumados a fingir que não existem problemas. E que fazem educação trancados nos gabinetes, refrescados com ar condicionado, bebendo água em taça de cristal.
Nós, educadores, queremos e lutamos por um projeto de educação. Lutamos por escola com infraestrutura para ensinar, ou seja, por uma escola que tenha um projeto, que ensine para a vida, que nela tenha-se música, arte, cultura, esporte e ampla circulação do conhecimento.
Que respeite e acolha a dor e o luto, dos alunos e dos seus profissionais e, principalmente, que seja um espaço de acolhimento e felicidade.