Maria Beatriz Dalsasso Côrte
Nem sempre encontramos aquilo que todos nós, mortais, passageiros do tempo, independente de épocas, classes sociais, territórios geográficos, faixas etárias, procuramos: o reconhecimento de nossa identidade, na mais absoluta autenticidade.
Se somos, ou não somos, erramos ou quase acertamos, sempre estaremos influenciando, bem ou mal, o meio mais próximo dos contatos e trajetórias que fazemos.
Quando observo, nestes tempos, que a febre de consumo cresce mais e mais, percebo que, paradoxalmente, cresce um grande vazio existencial nas novas gerações que vem surgindo.
Seria a febre de conquistar poderes do supra sumo tão sonhado, independente de suas consequências? Sejamos poderosos acima de quaisquer princípios?
Ninguém se casa para depois se divorciar. Porém, as realidades mostram uma incapacidade de amar, dialogar, curtir a vida familiar, interagir em sua vida comunitária, com intensidade sem precedentes.
Ser gente comprometida é aquilo que todos buscamos, e, muitas vezes, ficamos apenas no desejo. Desejo de ser feliz, de trabalhar, de ajudar. Apenas desejo. Que pena.
Atribuímos um valor imensurável às notícias de violência. Entre tapas e beijos, os tapas são muito mais frequentes, e os beijos quase ausentes.
Prestamos atenções nos gritos e urros de nossos vizinhos e conterrâneos com uma certa sensação de sadismo. Sabemos falar das falhas. Enxergamos as falhas sem prestar atenção nas grandezas escondidas e não aplicadas de muitas realidades humanas.
Valorizar os talentos é permitir uma saudável transformação em nossas existências. É crescer nos ventos que sopram em nossas narinas sem achar cansaço nos movimentos de nossos corpos, com sede de diálogo.
A graça de ser, fazer e promover, é o tripé de uma vida que todos nós almejamos.
E por que não acreditamos? Quando a violência esmorecer a esperança de um mundo justo, mas igual e feliz, será possível.
Se não perdemos a capacidade de sonhar, é possível, sim.