Maria Beatriz Dalsasso Côrte
Dia 27 de maio de 2006, a cidade de Canelinha, despedia-se deste homem, aos seus bem vividos 98 anos de vida, que eu chamava de pai: Luiz Dalsasso. Pensar nele, falar dele, é deixar a luz da autenticidade e despojamento, invadir meus sentimentos, elevando a doçura de viver.
Quem me dera descobrir dentro de meu ser, um terço dos talentos que meu pai aplicava, nas suas relações com a família, com os amigos, com seu trabalho tão bem elaborado. Meu pai, alguém que se deixou revelar, sem medo de amar seu mundo e seus desafios, se deixando ser conhecido.
Ainda lembrado e querido por todos que o conheceram , deixou sua saga, como exemplo de um exímio cidadão, que fez do balcão de sua farmácia, uma história sem precedentes, nos tempos remotos que Canelinha se construía.
Muitas histórias temos para contar. É o famoso remédio, popular Quatorze, ( seu custo, segundo a moeda corrente da época, quatorze mil réis, ficou para sempre em nossas memórias.). Meu pai, natural da cidade de Orleans,(SC) chegou em Canelinha,nos seus tenros vinte e cinco anos de idade,procurando seu lugar ao sol. Conhecendo minha mãe , na cidade de Nova Trento, Sra. Elza Paulina, unindo-se pelos laços matrimoniais, fixaram domicílio em nossa comunidade, e assim estabeleceram sua família.Quatro filhos, a vida os deu: Antônio Luiz, (in memorian), José Domingos, (in memorian), Maria Elizabete, e finalmente, eu, orgulhosa deste pai e desta mãe que Deus me dera.
Suas expressões rotineiras , eram : Viva. Arroz com tiriva¨… entre sorrisos, boas notícias, e uma disciplina impecável nos hábitos diários e gerais,, que o tornavam este pai tão amado, tão procurado por todos. Como falar de Canelinha, sem lembrar este senhor, Luiz Dalsasso, popular farmacêutico,¨disposto, e com muito gosto prestar seus serviços a esta comunidade?-
Não conto os sete anos que se passaram sem ele. Considero, como presente sem igual ,todos os meus anos, desde criança, aprendendo a educação de fé, amizade e serviços, que meu pai administrava . Depois de jovem, maior era a admiração deste pai, cheio de amigos, simplicidade, e amor a esta terra, que o adotou como filho. Muito, muito ganhei em aprendizagem, onde a mola mestra é a camaradagem. Meu pai, me fez aprender que o amor não acaba, que a família sempre será a maior riqueza que todo ser humano aspira. Nada como, chegar no final da tarde, onde os compromissos elaborados, nos jogam nos abraços aconchegantes daqueles que deram suas vidas por nós : nossos pais.
Como falar de mim, se esquecer de meu pai? – Pudessem todos os filhos serem envolvidos de gratidão, saudades e respeito, quando o conteúdo fosse a sua história.Cada segundo de vida , seria bem mais vivido, e todos, unidos , fortes e saudáveis, falariam em uma só voz:¨Viva¨.