Marcia Peixe
Foi a partir do desejo de saber mais sobre a trajetória de vida de seus pais, que a servidora pública, Cristiane Regina Cim de Oliveira, 56 anos, passou a se dedicar às pesquisas sobre sua família. A moradora do bairro Cardoso, em São João Batista, é filha do Ex-combantente Narciso Cim (in memorian) que dá nome a uma via pública do município, e da professora Margarida Cipriani Cim (in memorian). Ela é a caçula de oito irmãos, nasceu quando a primogênita já havia 18 anos de idade. “Por este motivo, há fatos que eu soube somente a partir das lembranças de meus irmãos, por meio de conversas, por exemplo”, explica Cristiane.
Diante desta motivação, nas horas vagas adotou como um hobbie, reunir todos os tipos de documentos e fotografias que pudessem compor uma linha do tempo e auxiliá-la a compreender etapas vivenciadas pelos pais. “Minha mãe teve a oportunidade de estudar e se tornar professora em uma época que não se tinha acesso à educação. Já meu pai, foi agricultor, serviu às Forças Armadas durante 2ª Guerra Mundial na Itália, atuou como motorista autônomo e carteiro”, conta.
A partir das próprias dúvidas e questionamentos, ela organizou primeiro, uma pasta dedicada ao Ex-Combatente, que foi capaz de traduzir grande parte da atuação profissional. “Meu pai era uma pessoa muito organizada, guardava todas as documentações com muito cuidado, e, por isso, não tive muitas dificuldades”, enfatiza. Com a pesquisa ela pode constatar, que em 2 de fevereiro de 1942, aos 21 anos, Narciso foi sorteado para atuar no 14º Batalhão de Caçadores (atual 63º Batalhão de Infantaria), com sede no bairro Estreito, em Florianópolis, atuando efetivamente nas operações de guerra na Itália de 19 de setembro de 1944 a 08 de maio de 1945. O licenciamento ocorreu somente em 01 de setembro de 1945.
Neste período participou dos treinamentos em Florianópolis, no Rio de Janeiro e também na Itália entre os anos de 1942 e 1944, onde nesta última, de fato a aprenderam a guerrear recebendo treinamento junto com os americanos, e, assim se incorporou às Forças Expedicionárias do Brasil. “Ele foi designado para atuar na Artilharia Divisionária, no 1º Grupo do Regimento de Artilharia Pesada Curta. Ao chegar lá, foi responsável por percorrer os campos e repassar informações às tropas e ao comando, inclusive as mortes de seus colegas, e, permaneceu até 1º de setembro de 1945, quando retornou para casa”, destaca.
Após a Guerra, inicia-se uma nova família
Cristiane também constatou que o casamento dos pais ocorreu meses após o retorno da Guerra, em 12 de janeiro de 1946. “Ao se casarem, foram morar em uma casa no terreno dos meus avós Cim e, após alguns anos, vieram para o Centro. Minha mãe lecionava na Escola Mista Rio do Braço e o pai conciliava um pequeno comércio com fretes de caminhão”.
Além destas atividades, no ano de 1963, Narciso foi nomeado como carteiro após a publicação de um decreto federal, de 20 de novembro de 1963, que concedeu esta função aos ex-combantes da 2 ª Guerra Mundial. “Como carteiro foi responsável pelas entregas de correspondências pela área central do município de bicicleta”, detalha. Além dos avanços nas pesquisas sobre o pai, agora ela está em busca de mais informações sobre a atuação de sua mãe no magistério. “É emocionante no sentido puro desta palavra fazer estas buscas e, também extremamente gratificante”, conclui.
“Após o início dessas buscas, o que me mais me marcou dentre muitos outros fatos, foi que meu pai mesmo sofrendo traumas de ser combatente de guerra, sempre foi um pai extremamente carinhoso, religioso, caridoso e atencioso para com as pessoas, um herói”.
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