Cristiéle Borgonovo
Casados há 55 anos e moradores do Centro de São João Batista, Maximiano Machado, 74 anos e Maria da Graça Venera Machado, 68 anos, viram da janela de casa a evolução do município de São João Batista. Moradores da Avenida Egídio Manoel Cordeiro, recordam dos tempos em que o local nem tinha estrada. Nas memórias florescem o desenvolver da Capital Catarinense do Calçado.
Graça lembra do saudoso pai, Jorge Manoel Venera que construiu a primeira casa onde hoje é uma das principais avenidas da cidade. Aos 14 anos ela conheceu Xiano e casaram-se. Ele nascido na localidade de Vargem Pequena, no bairro Fernandes, em São João Batista, aos 12 mudou-se com a família para o Centro.
Após o casamento foram morar em uma casa de madeira ali, no mesmo terreno de Jorge. Da união tiveram nove filhos, 18 netos e oito bisnetos. “Isso tudo era só mato, para ir ao colégio, nós pegávamos uma varinha, íamos passando na frente para abrir caminho para nos livrarmos dos raspa língua, uma espécie de mato que tem uma folha que corta se passar na perna”, relembra Graça. A trilha se transformou em estrada de chão batido, em seguida a pavimentação com calçamento de pedra e, enfim, o asfalto.
Xiano conta que onde é o Estádio Municipal Cristóvão Reinert dos Santos era uma lagoa, um banhado. Na frente de casa havia o rodeio, local com muita movimentação em dias de festa. “Nós tínhamos uma vendinha, comercializávamos bebidas, pamonha, maçã do amor, entre outros para conseguir o sustento da família”, conta.
Com o passar dos anos, os moradores começaram a povoar as redondezas. Duas escolas estaduais foram construídas, a Patrício Teixeira Brasil e a São João Batista. Veio o Estádio Cristóvão Reinert. Já Ginásio de Esportes Manoel Sertório Alves, o Manecão, foi construído em 1984, depois veio o salão de dança do Maneca.
Construções que marcaram a cidade
A Praça do Sapateiro Nazário de Oliveira, foi inaugurada em 1996, assim como o Centro Cultural Professora Maria Roselene Duarte Clemes e o Terminal Rodoviário Prefeito Nelson Zunino. O Centro de Eventos, a Creche Municipal Dona Chiquinha, a Escola do Senai e o Sesc, também foram construídos nos arredores de casa.
O Centro também ganhou pontes e edificações. Em 1966 foi inaugurada a ponte Deputado Joaquim Ramos, já em 1968 foi inaugurado o novo prédio da prefeitura e em 1972 a Biblioteca Pública José Arthur Boiteux. No ano de 2007 o Centro ganhou uma nova ponte, a Manoel Atanásio dos Santos.
Além do principal cartão-postal da cidade, a Igreja Matriz, erguida em 1958 e teve a estrutura edificada pelo Monsenhor José Locks. Também no Centro, em 1966 foi inaugurado o primeiro Posto de Combustíveis, o Lírio do Vale, fundado por José Soares Neto e Marcos Silva Neto.
Para Xiano, o Supermercado Puel, do Abílio Puel foi um dos comércios mais importantes da época. A primeira sede foi inaugurada por volta de 1954, com venda de bebidas e alguns gêneros alimentícios. Em 1962 demoliram o antigo prédio e construiu um espaço de dois andares, onde vendiam desde alimentos a tecidos, produtos para construção a produtos veterinários. Em 1974 construíram onde é atualmente o mercado e focaram em produtos alimentícios, carnes e bazar. “Para mim foi uma grande obra para a época”, conta.
De bicicleta, Xiano saia todos os dias cedo para vender os peixes que a esposa Graça limpava e embalava a noite. Foi rodando a cidade que ao longo de mais de meio século de vida o casal vê a cidade em constante transformação.