Cristiéle Borgonovo
Alzenite Celestino Bourdout, 72 anos, é natural de Nova Trento, mas aos cinco anos mudou-se com a família para as terras, que dois anos depois se tornaria o município de São João Batista, com a emancipação político-administrativa, em 1958. Ao vir para cá, sempre morou no bairro Krequer, onde recorda dos tempos de menina e também a evolução pelo qual o bairro passou.
Eram poucos moradores, haviam 17 casas no bairro. Lembra também de por ser a filha mais velha, tinha que cuidar dos irmãos o que lhe impediu de ir à escola.
Haviam muitas plantações e o trabalho era voltado a agricultura, com o cultivo de aipim, fumo, batata doce, entre outros. Um fato marcante foi a construção do curtume. Isso deixou o bairro muito movimentado, pois haviam o tráfego de carros e caminhões que buscavam o couro para a confecção de calçados, além dos empregos gerados. Hoje o local é sede de uma empresa de pregos. Ela conta também que lembra da primeira igreja Matriz, no Centro, que era de madeira e da construção da atual.
Nite, como é carinhosamente conhecida, casou-se há 57 anos, com Alberto Bourdot, 79 anos. Beto iniciou a vida laboral na agricultura, depois trabalhou por 16 anos na Usati, seis anos na Indústria de Calçados Varese e 12 anos no Posto de Combustíveis Machado, onde se aposentou. Juntos têm quatro filhos, cinco netos e uma bisneta.
Há 50 anos moram bem no início do bairro, em frente ao antigo Shopping Vale dos Calçados. Nite conta que acompanhou da janela de casa toda a construção, que inaugurou em 1994, uma inspiração de Moacir Nelson Zunino, para valorizar os produtos confeccionados em São João Batista. Com tristeza também fala da deterioração e demolição da obra. “Em dezembro de 2022 outra tristeza aqui na frente, o espaço se tornou um depósito de entulhos, com móveis, roupas e sonhos de milhares batistenses que foram atingidos pela enchente”, diz.
Atualmente o bairro está populoso, ruas pavimentadas com asfalto e lajota, tem creche, prédios e muitos loteamentos. “Não me vejo em outro lugar, aqui tenho minha casa, cuido das minhas plantas e acompanho o desenvolvimento do Krequer”, conclui.