Cristiéle Borgonovo
Rodeado pela natureza e calmaria, o som que se ouve ao sentar na varanda da residência do casal Ivo José Peixer, 84 anos, e Bernadete Garcia Peixer, 83, é o cantar dos pássaros, o bater da brisa nas folhas das árvores e do Rio Tijucas que passa bem em frente. Moradores do bairro Colônia Nota Itália, ou Colônia de dentro, como usam para identificar a moradia, eles relembram as transformações que o local passou.
Ivo é um dos filhos de José Alexandre Peixer e Ana Maria Peixer, casal que já era morador do lugarejo. Foram os avós dele, Alexandre de Lima Peixer e Rita Maria Peixer, que moravam em Tijucas e vieram desbravar as terras da primeira colônia de imigrantes italianos do Brasil.
Ele recorda que sempre trabalharam com agricultura, onde para consumo da família cultivavam a cana, faziam o açúcar grosso, o aipim, criavam animais e hortaliças. “Naquele tempo, o engenho de farinha era tocado a mão, assim como o de açúcar”, recorda. O que sobrava das colheitas vendíamos. A cana, por exemplo o destino era a usina açucareira. O transporte terrestre era raro, não existia ponte e tudo ia por balsa pelo rio.
Ele foi dois anos para a escola que era bem pertinho de casa, porém por ter que ajudar os pais desistiu de seguir com os estudos. Em 14 de janeiro de 1961 Ivo e Bernadete se casaram. Ela é natural de Santo Amaro da Imperatriz, mas foi em Colônia Nova Itália que continuaram a morar.
A família cresceu, juntos tem cinco filhos, 14 netos e 11 bisnetos. Para eles os fatos mais marcantes do lugar foram a chegada da energia elétrica, o asfalto na SC 108 e a construção da ponte. Sobre o bairro, Ivo ressalta que não se vê em outro lugar. Os filhos queriam que o casal fosse morar mais no Centro, porém o interior é sinônimo de calmaria e memória afetivas.