Cristiéle Borgonovo
É ao lado do fogão a lenha, em uma gelada manhã de inverno, que aos 98 anos, Manoel Vitalino do Nascimento, recorda das mais longínquas memórias do bairro que sempre morou, a Ribanceira do Sul. Forte e com uma lucidez invejável, ele conta que os pais, Vitalino Veber do Nascimento e Rosa Maria do Nascimento também eram moradores do bairro.
No ano em que nasceu, 1925, ele lembra que começaram a lecionar nos arredores, onde hoje é São João Batista, os professores, Inocêncio Chaves de Souza, João Quintino, João Peixoto e Leopoldina Soares. E antes mesmo da emancipação política de São João Batista, que ocorreu em julho de 1958, em 28 de outubro de 1951, Manoel se casou com Marta Mafessoli do Nascimento, 95 anos, ela então moradora do bairro Tajuba I. Juntos há 71 anos, o casal tem sete filhos, dois homens e cinco mulheres, 15 netos e 14 bisnetos.
Quando criança, lembra de brincar no Rio Tijucas, onde também pescavam. Nos arredores moravam muitas famílias. As plantações de café eram predominantes, depois vieram o aipim e a cana de açúcar, essa que era comercializada para a usina de açúcar. Manoel sempre trabalhou como agricultor até a aposentadoria.
Quando menino ouvia atentamente as histórias do avô, que contava sobre os moradores dali que tinham trabalhadores e que foram escravos.
Das evoluções do bairro, para ele a principal foi a construção da Ponte do Desenvolvimento, que liga os bairros Ribanceira do Sul ao Cardoso. “Nós ficávamos isolados, meus irmãos para vir me visitar ou eu ir lá, ou precisavam dar a volta na cidade toda, agora é muito mais fácil”, conta.
Mas outros feitos também são considerados importantes, como a chegada da eletricidade, a pavimentação das estradas com calçamento e depois com asfalto e também a construção de dois condomínios residenciais bem ao lado de casa, o Residencial São João e o Ecoville que abrigam centenas de moradores. Rodeado de carinho e amor dos familiares, o casal contempla de casa as transformações que a cidade passa a cada dia.