Em um cenário de guerra, os moradores do bairro Carmelo, em São João Batista, buscavam, durante a semana, reconstruir tudo o que foi perdido com a forte chuva que caiu na madrugada de terça-feira, 9.
Em questão de minutos, em uma chuva intensa e mal distribuída, os moradores acordaram de madrugada já sem conseguir salvar nada de dentro de casa.
O local mais afetado naquele bairro foi numa servidão da rua Antônio Luiz Tamanini, ao lado da empresa Azillê Calçados.
Morador há mais de dez anos do local, Emanuel dos Santos, 30 anos, conta que acordou com o barulho da chuva, e ao perceber que a água estava voltando da estrada, começou a erguer geladeira e freezer com a esposa.
“Quando olhamos nossas crianças, de nove e dez anos, estavam com água na altura do peito. Então saímos todos de casa, porque naquele momento era mais importante salvar nossas vidas”, conta.
A sogra, Marlene Costa Hames, 60, mora no local há 35 anos e conta que apenas na enchente de 2008 entrou água na casa. “Mas foi alguns centímetros só, e como enchente é a água do rio, a gente teve tempo de erguer os móveis, porque ia acompanhando o nível. Mas dessa vez não teve o que fazer”, diz.
Era por volta das 6h30 de terça-feira, 9, quando toda água escoou de dentro das casas, possibilitando as famílias a retirarem todos os móveis para fora e contabilizar os prejuízos.
“Fora a geladeira e o freezer, perdemos tudo. Guarda-roupas, camas, colchões, nada disso deu para salvar”, afirma Santos.
As roupas que ficaram sujas de lamas foram recolhidas e levadas para casa de familiares e amigos, que ajudaram com a lavação. Além disso, a Secretaria de Assistência Social passou pelas casas afetadas e entregou uma cesta básica para cada família e materiais de limpeza.
Moradores da mesma rua, Rodrigo da Silva, 39, e Janaina Pereira, 35, também buscavam forças para recomeçar.
O casal, juntamente com os três filhos de 15, 12 e quatro anos, moram no local apenas três anos. Da casa, não foi possível salvar nada.
“Acordamos com o barulho forte da chuva e vimos que tinha muita água perto da garagem, então meu marido tirou o carro e levou para um local mais alto, quando voltou a água já estava alta dentro de casa”, conta Janaina.
Na tentativa de salvar alguns pertences, quando o casal olhou, o filho de quatro anos estava dormindo e boiando em cima do colchão, sobre a água. “Por pouco não perdemos ele, porque poderia ter virado e ele caído”, lembra Silva.
Janaina, que está grávida de apenas três meses, também se assustou e ficou bastante abalada. “Agora que começamos a fazer o enxoval do bebê, com berço e tudo mais, e vamos ter que começar de novo, porque perdemos tudo”, lamenta.
Na mesma rua, oito famílias tiveram prejuízos grandes devido à chuva de terça-feira.
Mais de 100 casas afetadas
Conforme levantamento da prefeitura, mais de 100 residências foram afetadas pelo temporal da madrugada de terça-feira, que resultou também em vários pontos de alagamento.
O bairro Carmelo, Cardoso e o Loteamento Nova Esperança foram os mais atingidos.
A prefeitura chegou a oferecer um abrigo temporário, que foi montado no Centro Municipal de Convivência do Idoso Corina Brasil dos Santos, ao lado do Centro de Eventos.
Porém, a secretária da Assistência Social, Rubia Tamanini, informou que ninguém precisou pernoitar no local. “Deixamos à disposição de quem, por algum motivo viesse a precisar, mas graças a Deus ninguém precisou, mas o local permaneceu aberto, sob os cuidados de servidores do município”.