Nesta quinta-feira, 17, moradores de municípios do Oeste, Meio Oeste e Planalto Norte de Santa Catarina registraram a água da chuva com coloração diferente.
O fato ocorre em função das partículas da fumaça proveniente dos incêndios florestais que ocorrem na Região do Pantanal.
A fumaça é transportada pelos ventos de baixos níveis, localizados entre 1,5 mil a 2 mil metros de altura, e de direção noroeste. A situação provoca a diminuição na qualidade do ar e da água da chuva que é coletada para consumo.
O fenômeno vem sendo acompanhado pelo monitoramento meteorológico e setor de hidrologia da Defesa Civil de Santa Catarina (DCSC) que identificaram a fumaça a partir da análise de imagens do satélite Goes 16.
A fumaça com características de queima de vegetação também foi visualizada na Grande Florianópolis.
Com a passagem da frente fria a tendência é de mudança na direção dos ventos para quadrante Sul o que deve dissipar a presença das partículas de fumaça sobre o território catarinense.
“A água da chuva contaminada pode conter compostos tóxicos, portanto, alguns cuidados dever ser tomados se for realizar a captação em cisternas para consumo humano ou animal”, destacou o coordenador de monitoramento e alerta da DCSC, Frederico de Moraes Ruthorff.
Qualidade da água da chuva
A chuva é considerada uma alternativa para a captação de água para fins potáveis ou não potáveis.
Em propriedades rurais a cisterna promove a segurança hídrica e contribui para a viabilidade econômica da atividade.
A utilização deste sistema deve observar algumas recomendações para o correto manejo e assim garantir a qualidade da água para os diversos usos.
Esta prática está regulamentada na Instrução Normativa do MAPA nº56/2007 e o Comunicado Técnico 481 publicado pela EMBRAPA.
A presença de partículas de fumaça em uma região podem impactar negativamente a qualidade da água de chuva.
Com isso, é recomendada a limpeza com frequência de cada componente do sistema de captação de água de chuva.
Da mesma forma, devem ser analisados os parâmetros de qualidade da água, como o pH, sólidos totais dissolvidos, amônia, nitrato, cloro residual livre, coliformes termotolerantes e Escherichia coli.
Com as emissões presentes sobre o estado, outros parâmetros podem ser analisados como o tipos de agroquímicos, cobre, zinco, ferro, substâncias provenientes da queima de biomassa (marcadores de queimadas), etc.
Análises da qualidade do ar das regiões com predomínio de uso de cisternas para produção animal também são altamente recomendadas para identificar a possibilidade de chuva contaminada.
Recomendações
Para reduzir o impacto dessas fontes recomenda-se aos usuários de água da chuva:
1. Não captar a água das primeiras chuvas, descartando a água da chuva antes de conduzir a água para cisterna. É recomendável no mínimo os primeiros 2 mm de chuva ou até desaparecer a coloração escura;
2. Utilizar cercas vivas no entorno das instalações que irão captar a água da chuva;
3. Elevar o tempo de uso do dispositivo que possibilita o desvio da captação de água da chuva inicial;
4. Intensificar a limpeza periódica das instalações de cobertura, condução, filtragem e armazenamento de água
5. Obter conhecimento da escala de uso de agroquímicos nas propriedades vizinhas;
6. E, principalmente, apurar as análises de qualidade da água para verificar o atendimento a legislação relacionada à qualidade da água, a exemplo de: Resolução CONAMA 357/05, NBR 15527:07 e IN MAPA n. 56/2007.