Diácono Cleomar Raach
Texto para reflexão: 2Co 5.20b – 6.10
Na reflexão deste texto, o apóstolo Paulo chama a atenção para a reconciliação com Deus.
Os versículos em questão fazem uma comparação entre honra e responsabilidade versus os sofrimentos e as dificuldades dessa tarefa.
Fica claro na teologia de Paulo que a reconciliação é um processo de constante testemunho.
A pessoa reconciliada precisa compreender-se responsável pela continuação da divulgação dessa graça. E, conforme Paulo, ela o faz na condição de embaixadora de Cristo, título que carrega grande responsabilidade, demonstra importância e relevância, e requer um zelo “diferenciado”.
Pessoa cristã precisa ser de “verdade”, acertando, errando, pedindo perdão, recomeçando. A verdadeira mudança precisa começar pelo coração.
Gostaria de convidar para refletirmos sobre as aparências. Há um ditado bastante conhecido, que diz: “As aparências enganam”. Certamente você já experimentou a concretude disso.
Você já se encantou com a beleza de um doce, imaginou um sabor e, quando provou, teve uma profunda decepção?
Ou então achou incrível o título de um livro, comprou, e quando leu, não achou tão interessante assim?
Ou quem sabe, comprou um calçado imaginando grande conforto e durabilidade, mas na verdade apertou o pé e não durou? Sim, muitas coisas aparentam ser algo que não são.
Mas, quando se trata do mundo das “coisas”, tudo bem! O problema é quando se trata do mundo das “pessoas”: viver de aparência não cria relacionamentos saudáveis, verdadeiros, confiáveis. É só aparência.
Falar de aparências no mundo da fé requer muito cuidado, pois não se trata apenas de “camuflar” a essência de uma pessoa, mas também de tomar cuidado para que a imagem de Deus seja vista na essência, como um Deus que ama, perdoa e acolhe todas as pessoas. A aparência no mundo da fé atrapalha.
O período da Quaresma nos convida a exercitamos a fé, deixando as amarras da aparência de lado, pois elas oprimem, afastam de Deus e do convívio saudável com as pessoas.
Esse texto de 2 Coríntios mostra a “vida como ela é”, com altos e baixos, alegrias e tristezas, apontando sempre para a verdade e não para a aparência.
O texto fala de não atrapalhar outras pessoas na jornada de fé, mas sim mostrar que Deus oferece graça e salvação a todas as pessoas e que Ele estará ao lado de quem se alegra, sofre, trabalha, é pobre ou rico.
A fé convida a testemunhar este Deus que transforma o ser, que liberta e salva com a sua graça.
A fé não convida as pessoas a serem “impostoras”, anunciando um Deus de aparências, mas sim um Deus encarnado em Jesus, que se sacrificou pela humanidade.
Assim, não precisamos aparentar que não temos sofrimentos e dificuldades. Paulo mostrou com honestidade a realidade de ser servo de Deus. O desafio diário é sermos verdadeiros e honestos. Isso revelará a necessidade da ação amorosa de Deus.