Pe Elinton Costa, bth
No mês de junho a Igreja Católica propõem recordar o Sagrado Coração de Jesus. Lembra-nos esta solenidade que nosso Deus tem coração e que não é alheio aos nossos sofrimentos, as lutas e que também quer participar de nossas alegrias, saborear conosco nossas vitórias. Enfim, lembra-nos a Igreja que Deus nos ama a ponto de rasgar seu coração e que nunca nos abandonará.
Enquanto peregrino nessa terra Jesus revelou-nos como bem vivermos e como devemos segui-lo. Ensinou-nos as várias maneiras de estar com ele. Na partilha da palavra que é viva (Jo 1,14), na eucaristia (Lc 22,19) , na fraternidade, pois onde estiverem “reunidos em meu nome eu também estou no meio deles” (Mt 18,20), quando encontrarmos alguém que está necessitado.
O nosso Deus não precisaria contar conosco, mas quis que nós participássemos de seu plano de amor de forma ativa. Ele quis que experimentássemos a sua alegria e paz quando alguém se doa como Ele mesmo se doou. Por isso quando ajudamos alguém na mais sincera gratuidade, sem pretensão nenhuma, sentimos uma paz que preenche o nosso ser, aquela sensação de dever cumprido, de vitória.
Porém o que nos assusta e as vezes nos inibe de seguirmos o Senhor decididamente é o fato de nos sentirmos fracos e inúteis diante do quadro de violência, corrupção, maldade e desamor que o mundo insiste em promover e comunicar. Quantas pessoas e talvez até você leitor já disse “O mundo não tem mais jeito mesmo” ou ainda “não adianta fazer nada, nunca vai mudar nada”, com tom de derrota e desânimo.
Talvez você seja até o velho da historinha a seguir:
Era uma vez um velho que passeava na praia e viu um menino que pegava estrelas do mar e as atirava suavemente de volta à água. O velho perguntou:
- O que você está fazendo?
- O sol está subindo e a maré baixando. Se eu não devolver estas estrelas ao mar ela irão morrer, respondeu o garoto.
- Mas, meu jovem – disse o homem – há quilômetros de praias cobertos de estrelas do mar. Você não vai conseguir fazer nenhuma diferença atirando uma ou outra ao mar!
O menino curvou-se, pegou mais uma estrela e atirou-a, carinhosamente, de volta ao oceano, e disse:
– FIZ A DIFERENÇA PARA ESSA AÍ!
Reclamar ou não fazer nada utilizando a desculpa que não podemos mudar o mundo é uma ilusão. É somente uma tentativa de argumentar com sua consciência sobre sua irresponsabilidade de amor para com os irmãos. Jesus provou isso na cruz quando mesmo sendo alvejado e pregado na cruz rezou por nós, “Pai perdoa-lhes pois eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34) ou ainda quando assegurou ao ladrão arrependido que “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).
Porém não quero enfatizar as desculpas que você já pode ter dado por mais plausíveis que você pensa que sejam. Quero recordar que Deus confia em nós e continua a nos chamar para fazer a diferença. Pois, “quando fizestes a algum desses pequeninos foi a mim que fizestes” (Mt 25,40).
Sabemos que o mundo não poderemos mudar, salvar todos da nossa cidade ou resolver o problemas de todas as pessoas. Repito é ilusão. Mas com certeza podemos fazer a diferença para alguém, para um amigo, para um colega de trabalho, para alguém na rua, para um filho, para uma esposa, para que alguém seja mais feliz e tenha seu fardo mais leve.
Mas para isso é preciso inverter o olhar. Começar a entender a vida à luz do Evangelho e não somente das suas necessidades e seus próprios julgamentos. Não fazer o bem porque o outro merece, mas porque você decidiu viver e abraçar sua fé e seu compromisso de amor pela humanidade e pelos irmãos.
Na Carta de São Paulo aos Romanos, Paulo ensina-nos como devemos agir: “Irmãos: o amor seja sincero.Detestai o mal, apegai-vos ao bem.Que o amor fraterno vos una uns aos outros com terna afeição,prevenindo-vos com atenções recíprocas.Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito,servindo sempre ao Senhor,alegres por causa da esperança,fortes nas tribulações, perseverantes na oração.Socorrei os santos em suas necessidades,persisti na prática da hospitalidade.Abençoai os que vos perseguem,abençoai e não amaldiçoeis.Alegrai-vos com os que se alegram,chorai com os que choram.Mantende um bom entendimento uns com os outros;não vos deixeis levar pelo gosto de grandeza,mas acomodai-vos às coisas humildes” (Rm 12,9-16).
Em Bethânia, procuramos acolher todos que vem até nós como o próprios Cristo que vem até nós e que procura acolhimento. Ele vem desfigurado, caído, muitas vezes tomado pela dependência química e pela desesperança. Mas procuramos a partir do acolhimento emprestar o que somos e temos a Jesus para que o filho ou filha acolhida se configure mais uma vez ao Jesus num verdadeiro processo de transfiguração.
Nunca se esqueça que Deus quis contar com você para fazer a diferença nesse mundo. O pior que o homem pode ser nos assusta todo dia. Vamos juntos, com Jesus à luz da nossa fé revelar hoje ao mundo e para as pessoas que convivem conosco o melhor que podemos ser. Para assim restabelecer a esperança, a paz, o perdão e a força de Deus no meio de nós.
Nós temos a força necessária dentro de nós, o Espírito Santo, portador de todos os dons, use-o com todo seu coração. Pois, “E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu!” (Rm 5,5). Faça acontecer, pois o Coração de Jesus conta com você.
Deus abençoe,
Deus no Comando