Marcia Peixe
A placa discreta no acesso à rua homenageia um de seus primeiros moradores: Augusto Ruberti (in memorian). Situada na área central de São João Batista, próxima a Creche Municipal Dona Chiquinha e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a via pública faz memória a um neotrentino que escolheu as terras batistenses para fixar suas raízes. O aposentado Arlindo Roberto Ruberti, 76 anos, é um dos três filhos de Augusto e conta como essa trajetória começou. “Meus pais eram naturais de Nova Trento, se casaram em 1945. Depois, quando eu tinha um ano, eles foram morar no bairro Cardoso”, informa.
Segundo Arlindo, os pais eram agricultores, plantavam cana, fumo, tinham animais e cultivavam alimentos para o consumo próprio. “Mais tarde, por volta dos anos de 1960, meu pai comprou um trator à gasolina e começou a fazer serviços para os outros agricultores. Ele atendia à toda região, como famílias de Tigipió, de Canelinha e até mesmo de Tijucas”. O aposentado recorda-se ainda que desde criança acompanhava o pai nas atividades diárias e auxiliava no que era preciso. “Eu estava sempre junto com ele”, diz.
Após conciliar as plantações com os serviços do trator, Augusto foi admitido na Prefeitura de São João Batista para cuidar dos equipamentos agrícolas, adquiridos pela Administração Municipal. “Então ele voltou a trabalhar com o trator, mas agora com o do município, e fazia os serviços que os agricultores pediam”, detalha.
Entre lembranças do pai, Arlindo comenta que durante aproximadamente dez anos, Augusto foi o responsável por preparar e acender a fogueira da festa do padroeiro São João Batista. “Os mais antigos devem ainda se lembrar. Era ele quem montava a fogueira, isso quando ela era ainda na praça na frente da Igreja Matriz”, destaca.
Augusto: um homem alegre
Já a filha caçula, Maria de Lurdes Voltolini Ruberti, que conviveu menos tempo com pai, rememora as características pessoais. “Ele era uma pessoa alegre, engraçada, gostava de contar muitas histórias”, afirma. Entre suas memórias, ela menciona a devoção à Nossa Senhora, a oração diária do Santo Terço e a participação frequente nas santas missas. “Foi ele quem me ensinou a rezar”, acrescenta. A filha conta que após se aposentar, o pai tinha um bar próximo ao Senai. “Lá ele tinha uma TV e todos os dias às 18h, ligava e obrigava os fregueses à assistirem o terço. Até mesmo quem não gostava ele convencia”, recorda entre risos.
Além de Arlindo e Maria, Helena Maria Ruberti também é filha de Augusto e reside na mesma rua. No próximo mês, a família celebrará uma data especial: o centenário da Josefina Voltolini Ruberti, a matriarca. Ela mora com a filha Maria e aguarda ansiosamente pelo dia 6 de agosto. “É uma grande alegria para nós esse momento. Temos a certeza que o pai está muito feliz. Ele faleceu em 2001, mas ainda é muito lembrado pelas pessoas que o conheceram”, conclui Maria.
“É uma grande alegria para nós esse momento. Temos a certeza que o pai está muito feliz. Ele faleceu em 2001, mas ainda é muito lembrado pelas pessoas que o conheceram”
Leia Mais
São João Batista 63 anos: Professora aposentada, dedica-se a estudar sobre a história do município
São João Batista 63 anos: Professora aposentada, dedica-se a estudar sobre a história do município
São João Batista 63 anos: Fragmentos de memórias e histórias compartilhadas