Cristiéle Borgonovo
O movimento é constante, os carros passam com pressa, buzinam, param, a cidade é movimento, transformação. Em um ponto estratégico, na Praça Walter Vicente Gomes, a Praça da Prefeitura, anexo ao ponto de Taxi central, a mais de duas décadas Otoniel Staroscky, 44 anos, o Toni, é presença garantida com as vendas de doguinhos. Natural de Petrolândia, no Alto Vale do Itajaí, há 24 anos escolheu o Vale do Rio Tijucas para morar.
A primeira cidade foi Major Gercino, no distrito de Pinheiral, onde atuou como agricultor na plantação de fumo. Depois de algumas safras optou por mudar-se para São João Batista de onde nunca mais saiu.
No Café Zoavia, no Centro da cidade começou a trabalhar como serviços gerais e depois torrador. Também fez parte da equipe do Nilton das Bebidas. Foi então que além do trabalho durante o horário comercial, para complementar a renda da família começou a atender os clientes na venda de cachorro quente, no Doguinho de propriedade do saudoso Adelmo José Laus.
Após trabalhar esse período Adelmo lhe fez a proposta para ser funcionário fixo. Dessa forma trabalhar nas noites e madrugadas nas vendas e Toni aceitou. “Nesse período foram cinco anos aqui, até que comprei um carro e montei meu próprio negócio”, recorda.
Por cinco anos, com início em 2007, o Doguinho do Toni fixou ponto na Rua Benjamim Duarte, em frente à Vídeo Locadora Viva Vídeos, onde hoje é o prédio popularmente conhecido como ‘Prédio do Ito da Acris’. “Então as pessoas começaram e me incentivar a colocar uma lanchonete, porém as despesas aumentaram muito e não consegui seguir em frete”, conta.
O retorno do Doguinho do Toni
Toni voltou a trabalhar em um supermercado durante o dia. Adelmo tinha um carinho especial por ele e novamente lhe convidou para trabalhar a noite nas vendas de cachorro quente. “Fiquei por mais um ano trabalhando de dia no mercado e a noite aqui com o seu Adelmo”, recorda.
O movimento era constante, a população batistense já tinha como parada obrigatória, após as festas e eventos na região, passar pela Praça Walter Vicente Gomes para comer um hot-dog. “Foram tantas idas e voltas”, brinca. Mas novamente ele foi convidado a atuar de forma fixa, para abrir o doguinho no fim da tarde e passar madrugadas a dentro.
O carinho do patrão
Adelmo, o proprietário do ponto tinha um carinho especial por Toni. Durante a vida e convivência com o funcionário lhe fez tê-lo como alguém próximo da própria família. “Ele sempre dizia aqui e para os dois filhos, o dia em que eu fechar meus olhos para sempre quero que o Doguinho fique para Toni”, relembra emocionado.
Há pouco mais de quatro anos, em um dia de calor de janeiro Adelmo que tinha problemas cardíacos veio a falecer. Os filhos dele cumpriram com o desejo do pai, realizaram o último pedido e passaram para o nome de Toni o Doguinho.
Pandemia
Desses quase cinco anos de propriedade do ponto, Toni passou pelo período de mais de dois anos de pandemia. “Foi sofrido, pois tive que fechar meu ganha pão de todo dia, mas, também foi um aprendizado”, diz.
Com a volta dos trabalhos, Toni optou por não ficar mais madrugada a fora, o novo horário de atendimento no ponto é das 18h30 às 24h. O filho caçula lhe ajuda com o disque entrega e também no atendimento no local. “Nesse período conheci muitas pessoas, muitas histórias e afirmo que São João Batista é uma cidade abençoada, de um povo trabalhador e que hoje não trocaria por nenhum outro lugar”, conclui.